Amazônia, a Maldição da Tordesilhas, o novo livro de Aldo Rebelo é uma verdadeira revelação. Ele revela a história verdadeira e hoje esquecida da Amazônia brasileira, repleta de heróis nacionais que defendem nosso povo e nossos bens da cobiça internacional. O livro revela como vivemos hoje a maior ofensiva imperialista de nossa história e como a Amazônia já está ocupada por forças internacionais que, disfarçadas de movimentos ecológicos, atuam para saquear nossos bens e reprimir a liberdade e o direito ao desenvolvimento e prosperidade do povo brasileiro. O livro desperta a consciência do leitor e tem tudo para se tornar um marco na defesa da Amazônia brasileira, dos povos indígenas e da nação brasileira.
Organizado como um almanaque (ou enciclopédia) o livro tem verbetes curtos, é altamente ilustrado e repleto citação de ótimas frases, que dão concretude e contexto ao debate. Dessa forma, consegue ser ao mesmo tempo popular e profundo. Os capítulos curtos tratam de inúmeros episódios que mostram a cobiça internacional na Amazônia, em nossos 500 anos de história. Você pode ler fora de ordem e por partes. Mas se ler o livro como um todo emerge uma visão clara da situação da Amazônia hoje e de como agir para preservar nosso maior patrimônio e gerar prosperidade para nosso povo.
Aldo descreve como o Brasil conseguiu construir uma grande nação e alargou suas fronteiras, preservando a floresta e em diálogo com o povo local. Os heróis são grandes estadistas (como D. Pedro II e o Marquês de Pombal), diplomatas (como Alexandre de Gusmão e Araújo Castro) e, principalmente, o povo brasileiro (com líderes como Filipe Camarão e vasta adesão popular). Aldo relata a genialidade da nação portuguesa, que conseguiu o Tratado das Tordesilhas e, depois, com ajuda do povo brasileiro (bandeirantes, mamelucos e índios), expandiu nossa fronteira. Isso continuou até a anexação do Acre, também decorrente da expansão do povo brasileiro e de uma ação eficaz de nossa diplomacia.
Mas, para além do heroísmo, existe a maldição das Tordesilhas: a baixa autoestima e a vontade de destruir todas as conquistas de nossos antepassados. Essa verdadeira maldição nunca esteve tão presente e o livro serve para exorcizá-la de nossas mentes. O fato é que nunca antes na história de nossa nação estivemos tão colonizados. A opinião pública das elites culturais gosta de ser cosmopolita e construiu um verdadeiro paradoxo: tem orgulho de entregar a nação, nosso território, e nossas riquezas. O pensamento colonizado nega as conquistas e, auge da dominação colonial, chega a defender a internacionalização da Amazónia. É literalmente, a galinha que apoia a raposa. Ou, sendo mais preciso, é a galinha do galinheiro do Sudeste que se alia à raposa que come as galinhas pobres do Norte. Em troca, a galinha chique ganha uns apoios financeiros milionários em crédito de carbono para salvar as matas em torno dos galinheiros pobres e posar de ecologista.
O livro de Aldo se opõe frontalmente ao hegemônico discurso colonialista (mascarado de ecologia) e mostra como é possível conciliar ecologia com desenvolvimento. Ele mostra como boa parte esquerda progressista atual confundiu ecologia com pensamento neomalthusiano e acredita que o excesso de seres humanos pecadores e consumistas moverá o apocalipse ecológico. Para os ecologistas neomalthusianos são os 30 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia os maiores inimigos na preservação da natureza e os responsáveis diretos pelo aquecimento climático.
Essa ideologia anti-humana perpassa os debates progressistas. Ao falar da tragédia climática no Sul, uma assessora do PSOL, afirma ser o fato de os gaúchos comerem carne bovina a culpa pela tragédia climática (esse exemplo é recente e não está no livro, mas ilustra bem o raciocínio). *
“Mãe Terra está limpando o Sul”, diz ex-assessora de deputado do Psol (poder360.com.br)
Os neo-malthusianos esquecem que o ser humano é parte da diversidade ecológica e criam uma falsa polêmica entre desenvolvimento e ecologia. Aí defendem uma Amazônia intocada, gerida por ONGs financiadas por corporações e estados estrangeiros, com nações indígenas com líderes cooptados e cultura preservada como zoológico da diversidade, ocupando vastos territórios supostamente preservados. Supostamente.
Aldo mostra como a Amazônia é hoje o território mais importante da geopolítica mundial. Ali estão os principais minérios do planeta, a maior biodiversidade (fundamental para a ciência, novos remédios, etc..), a maior reserva de água (A guerra do futuro será a guerras das águas, Kamalla Harris, citada no livro) e o maior espaço para plantação de alimentos.
Tudo o que o mundo precisa está lá. Tem que ser muito ingênuo para acreditar que não existe cobiça internacional sobre esse território.
O que Aldo revela, com a experiência de quem conhece bem o território, são verdadeiros thrillers de espionagem e roubo de riquezas. Por trás desse discurso purinho seguido por ecologistas que nunca pisaram na terra, tem uma profusão de piratas de biotecnologia e interesses de grupos internacionais em roubar nossos minérios e biodiversidade. O Padre Vieira, (outra das ótimas citações do livro) relatava isso no século XVII: Perde-se o Brasil, senhores, porque alguns ministros de sua majestade não vêm cá buscar nosso bem, vêm cá buscar nossos bens.
O assustador do livro é a revelação de que a Amazônia já está ocupada e ainda hoje temos ministros aliados ao roubo internacional de nossos bens. Nós temos condições de libertar a Amazônia, pois essa ocupação ainda não é oficial. Mas ela já existe na prática e temos que agir imediatamente.
Aldo abre o livro narrando uma das inúmeras visitas que fez à Amazônia e o controle que as ONGs internacionais fazem sobre os territórios indígenas. Os índios continuam vivendo na miséria, mas agora são chamados de originários. E pronto, tudo se resolveu. A Ativista internacional representante da ONG usando o argumento de preservar sua cultura e mantê-los originais (e bem exóticos, ao gosto dos gringos), não permite que os indígenas usufruam das vantagens do progresso. Essa visão é típica do pensamento colonial (que se autodenomina decolonial) e prega a ideologia americana do multiculturalismo e isolamento em bolhas de culturas isoladas. A recente substituição da palavra indígena pelo termo originário (uma das propostas dessa ideologia imperialista) vai nesse sentido, deixando claro a crença em um suposto reino de pureza originária que deve ser preservado intacto, pois é uma espécie de reserva moral da humanidade. Na prática não é isso o que desejam a base real dos povos indígenas e mestiços da região, ansiosos por progresso e integração.
Prova disso é outro fato que Aldo relembra bem: as duas ministras brasileiras que representam essa aliança com o Império Colonial internacional de ideologia neo malthusiana – a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara – não conseguem ser eleitas em seus estados de origem. Elas foram eleitas deputadas apenas em São Paulo, financiadas pelo capital da Faria Lima e com votos descolados de jovens brancos da Santa Cecília. Afinal, é essa e pequena bolha ecologista de origem colonial quem elege essas supostas lideranças dos povos originários. Os indígenas e nativos locais não as elegem. E o famoso índio para gringo ver. E para colonizado votar.
O livro também mostra como essa visão isolacionista é oposta a visão de integração e respeito dos povos indígenas construída na história do povo brasileiro, em especial, por nosso grande Herói, Marechal Rondon, também ele mestiço e filho de uma indígena. E também por documentos oficiais, como o Diretório dos Índios, criado pelo Marquês de Pombal que criou uma aliança entre povos indígenas e o estado português para a defesa da Amazônia. Enquanto a visão colonial americana exterminou os índios em sua nação, o modelo brasileiro – que sempre incentivou integração e os casamentos interétnicos – permitiu uma maior preservação dos povos (as políticas de defesa dos índios começaram com Rondon) e uma imensa cultura sincrética (cabocla, caipira, mestiça, etc..) que mostra a imensa influência da cultura indígena sobre a cultura brasileira. Toda essa verdadeira tradição nacional é combatida por essa visão isolacionista de preservação (e/ou retorno forçado) a uma suposta matriz originária, um mito que os gringos inventaram e define como supostamente eram os povos antes da chegada dos brancos. São os gringos decoloniais ensinando o índio brasileiro a ser um índio woke. Chega a ser tragicômico ver povos coloniais que exterminaram suas populações indígenas e suas florestas querendo ensinar os brasileiros a lidarem com sua diversidade e sua ecologia. Lendo o livro fica claro que o que eles querem é achar e financiar lideranças indígenas que comprem sua ideologia e possam agir como agentes da sua política colonial de destruição da nação brasileira.
Aldo continua mostrando como essa ocupação colonial já existe hoje. A maior parte do território de estados inteiros da Amazônia é reserva indígena ou área de proteção ambiental. Os brasileiros (a imensa maioria mestiços) que vivem nos estados do Norte e querem trabalhar – para gerar riquezas para nossa nação e ter uma vida digna – são criminalizados com regulações ecológicas absurdas. Os europeus e americanos defendem aqui regras ecológicas que, obviamente, não praticam em seus países. Aldo revela como isso acontece: por uma associação entre ONGs (financiadas por políticas colonialistas e até pelo agronegócio de outros países) e poder público brasileiro (via Ibama, Ministério Público, etc…).
Como sabemos, dizer isso no Brasil de hoje, com a suposta elite intelectual totalmente colonizada, é motivo para ser acusado de negacionismo climático, Teoria da Conspiração ou paranoia. No Brasil de hoje, ser nacionalista é motivo para ser acusado de fascista. No entanto, ao contextualizar esse debate na história do Brasil, o livro de Aldo mostra que esse debate existe há séculos, desde o início da nação brasileira e transcende o debate entre esquerda e direita: afinal, é um debate de defesa nacional e autonomia de nosso povo em gerir a própria nação. Um único exemplo é a análise da atuação de Araujo Castro, embaixador brasileiro na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em 1972. Araújo, que fora chanceler de João Goulart, continuou defendendo nossa nação nos anos 1970. Ele percebeu que as normas sobre proteção ambiental eram uma tendência a obstaculizar a industrialização e o crescimento econômico dos países em desenvolvimento. Era o início da Agenda do Clima que hoje domina o debate político sobre a Amazônia. Ao trazer a história desse debate, o livro de Aldo Rebelo coloca novos elementos no debate público atual sobre a Amazônia, superando as supostas acusações de paranoia negacionista. Esse debate já existe desde que o Brasil existe. Em oposição a essa visão colonizada, Aldo prega uma ecologia que, ao invés de se opor ao ser humano, o inclua. Uma ecologia inclusiva.
Em um dos últimos capítulos, Aldo proclama: precisamos de um Bruce Lee para a Amazônia e cita o filme A Fúria do Dragão, em que Lee desafia o Império Inglês que impedia o acesso de chineses a locais públicos dentro do seu próprio país.
A comparação é boa. Estamos na mesma situação que as colônias inglesas do século passado, mas com uma agravante: ainda não temos consciência da dominação imperialista. Não tínhamos. Pois após ler o livro de Aldo a dominação fica clara. Agora só não vê quem não quer.
O livro é a inspiração para uma nova luta da nação brasileira: a Amazônia é nossa.
Ao falar da Cabanagem, uma imensa revolta mestiça no Pará, Aldo proclama:
A insatisfação que reuniu a elite de políticos, fazendeiros e comerciantes aos pobres e despossuídos do Grão Pará contra a indiferença do Império no século XIX é a mesma que lavra toda a Amazônia de hoje. O projeto de um governo informal submisso aos interesses internacionais na Amazônia exercido por ONGs e agências do próprio Estado Brasileiro enfrentará resistência crescente conduzida pelas mesmas razões que despertaram a rebeldia cabana no século XIX.
O que o livro de Aldo nos mostra é que foi a união do povo brasileiro – de várias classes sociais, tendências políticas, grupos étnicos e religiões – que, em diversos momentos da história, salvou a Amazônia da dominação estrangeira.
O livro de Aldo nos desperta a consciência e nos convida a sermos cada um de nós um Bruce Lee que usa as armas que tiver em defesa de nosso povo e nossa nação. Nem se for apenas a nossa voz.
O falso consenso internacional eco malthusiano e seus agentes brasileiros terá a partir de agora uma forte oposição. O livro de Aldo Rebelo nos dá argumentos para resistir a essa invasão.
A Amazônia é nossa.
Newton Cannito – é escritor, roteirista e foi Secretário de Audiovisual do Minc. É autor de séries como Unidade Básica (Globoplay) e Cidade dos Homens (Globo). E escreveu filmes como O Sequestro, cinebiografia de Silvio Santos que lançará em 2024, e Quanto vale ou é por quilo?… Em 2024 lançará também a série Utopia Brasil, que imagina soluções criativas para o Brasil a partir da ética de nosso povo.
Excelente resenha. Parabéns .