China Daily
A causa principal da persistente crise na Venezuela é o fracasso econômico, que talvez possa ser atribuído a seus insustentáveis programas de bem-estar social.
A agitação política na Venezuela aumentou nos últimos tempos, com os Estados Unidos e países latino-americanos reconhecendo a oposição e o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como o “presidente autoproclamado” depois que o governo de Nicolas Maduro venceu um motim militar.
A causa principal da persistente agitação na Venezuela e da crise atual é o seu fracasso econômico, que talvez possa ser atribuído aos insustentáveis planos de bem-estar social. Colher sem semear, mesmo em nome da justiça social, minaria o entusiasmo dos trabalhadores e pressionaria o investimento, que de outra forma poderia ser usado para sustentar o desenvolvimento econômico e social. Por exemplo, quase todo o lucro da Petróleos de Venezuela, PDVSA, o pilar da economia venezuelana, é entregue ao Tesouro para financiar projetos de bem-estar social, enquanto a empresa luta por recursos para modernizar seus equipamentos antigos e expandir a produção. Sob tais circunstâncias, a Venezuela pode não ser capaz de evitar a falência econômica.
A China adere ao princípio de não interferência nos assuntos internos de outros países, mas deve aprender uma lição da crise econômica da Venezuela. A Venezuela tem sido chamada há muito tempo de modelo de “maldição de recursos”, com seu PIB flutuando descontroladamente e sofrendo várias quedas nas últimas duas décadas. Além disso, a gestão macroeconômica do país é problemática, demonstrada por seu período de recuperação econômica muito mais curto em comparação com a alta do mercado de petróleo.
O crescimento do PIB da Venezuela foi ao pico de US$ 334,1 bilhões em 2011, para encolher a US $ 331,5 bilhões no ano seguinte e cair drasticamente, em 31%, para US$ 228 bilhões em 2013. Notavelmente, os preços do petróleo no mercado internacional começaram a cair apenas no segundo semestre de 2014. Refletindo a crise econômica do país, instituições oficiais como o Banco Central deixaram de divulgar os dados do PIB, índice de preços ao consumidor, dívida do governo e outros indicadores econômicos.
A Venezuela está sofrendo hiperinflação e foi o único país com uma taxa de inflação acumulada de quatro dígitos em 2017. Esses dados podem não ser absolutamente precisos, mas projetam um quadro geral sombrio da economia do país.
Além disso, a conta corrente da Venezuela mostrou déficits de US$ 20,36 bilhões em 2015, US$ 11,20 bilhões em 2016 e US$ 27,38 bilhões em 2017. Flutuações drásticas na economia, inflação maciça e déficits financeiros e em conta corrente fizeram do bolívar venezuelano uma moeda quase inútil no mercado global.
Dados do DolarToday, um site norte-americano focado na política e finanças latino-americanas, mostram que a taxa de câmbio dólar-bolivar no mercado negro disparou para 1-103.000 em 31 de dezembro de 2017, de 3.100 no início daquele ano – embora a taxa oficial tenha permanecido em 1 dólar para 9,98 bolivar. O colapso econômico da Venezuela e qualquer nação com Estado de bem-estar social deveria soar o alarme em outros países.
© China Daily (Diário da China). Jornal diário em língua inglesa, considerado órgão oficioso das posições do governo chinês.