Há mais de 150 anos que a Marinha está presente nos rios amazônicos, provendo assistência medica e social a populações ribeirinhas carentes, levando a presença do Estado aos mais longínquos rincões, apoiando os pelotões do Exército que guarnecem nossas fronteiras e, com as demais Forças Armadas, garantindo a nossa soberania naquele espaço. Nas áreas marítimas adjacentes, a Marinha também atua, preservando a segurança da navegação, fazendo a patrulha naval, e impedindo que frotas pesqueiras estrangeiras operem ilegalmente em nossas águas jurisdicionais.
Ao longo dos últimos anos, muito se tem discutido sobre a constituição de uma Esquadra na Costa Norte, a chamada Segunda Esquadra, apoiada por uma Base Naval capaz de atender às necessidades logísticas decorrentes. Inúmeras são as razões que justificam uma maior presença do Poder Naval Brasileiro na região.
A primeira, e sem dúvida a mais relevante, é a proteção da foz do Rio Amazonas, impedindo que forças de potências hostis com pretensões intervencionistas tenham acesso pelo mar à vasta e ainda pouco conhecida Amazônia.
Adicionalmente, e para além da preservação da integridade territorial, uma série de atividades no norte do país requerem, para poderem subsistir e crescer, que nossos interesses marítimos sejam plenamente garantidos, o que reforça o argumento para o estacionamento de uma Força Naval na área.
Inicialmente temos a enorme produção agropecuária no Centro-Oeste brasileiro, em constante expansão, e que deveria ter na malha hidroviária da Bacia Amazônica seu escoadouro natural. Não é racional, e com certeza trata-se de opção muito mais cara, levar essa produção para Santos e Paranaguá e de lá embarcá-la para os portos europeus e asiáticos. Com alguns investimentos na infraestrutura, sairá muito mais barato fazê-lo a partir dos terminais ao longo do Amazonas e seus afluentes. Esta opção, que certamente acabará por prevalecer, provocará um aumento do tráfego marítimo que liga a foz do Amazonas aos portos estrangeiros, tráfego esse que precisará ser protegido, especialmente em caso de crise ou conflito.
O mesmo se dá com a exportação de minerais. O porto de Itaqui já é um dos maiores terminais do mundo e ao longo da calha do Amazonas e seus afluentes é crescente a movimentação de navios empregados no transporte de produtos metalúrgicos e suas matérias primas.
Conforme formos conhecendo e explorando mais a Amazônia, seremos capazes de, com sustentabilidade e resguardando sua enorme biodiversidade, desenvolver projetos que levem o progresso à população, hoje tão destituída. O rio, e a partir dele o Oceano Atlântico, é o caminho natural para o escoamento de todas as riquezas que virão a ser produzidas.
Por fim, não poderia deixar de citar um aspecto geopolítico que por si só justifica a fixação de uma boa capacidade naval na Região Norte. Se observarmos o mapa do Oceano Atlântico acima da linha Natal-Dakar veremos que ele tem a forma de um retângulo. O Brasil ocupa quase metade de um dos lados desse retângulo, estando em uma posição que o torna, potencialmente, capaz de controlar o acesso sul ao “Lago Atlântico” e, em menor escala, interferir com o Canal do Panamá. Em caso de conflito internacional na área, seremos afetados e provavelmente, querendo ou não, tal qual nas Guerras Mundiais do século passado, acabaremos por envolver-nos nas hostilidades.
As restrições orçamentárias por demais conhecidas e a necessidade de priorizar a construção dos submarinos e corvetas, meios essenciais sem os quais sequer podemos falar em Poder Naval, levaram ao postergamento dos projetos da chamada “Segunda Esquadra” e da sua Base Naval. No entanto, tenho certeza que haverá o momento em que poderemos retomá-los, muito possivelmente iniciando pela Base Naval, já que com um bom ponto de apoio logístico pode-se deslocar uma Força Naval para a área a qualquer momento. A Marinha obteve um excelente terreno na Baia de São Marcos, o qual oferece boas condições de instalação da Base, quando assim for decidido.
Diante de tanta necessidade. Li um absurdo sobre aquele conselho regional de advogados, conhecido como OAB pedir explicações a outra instituição, responsável pela segurança nacional marítima deste país. São essas intromissões e abusos institucionais que atrapalham o equilíbrio de forças institucionais neste país. Me informem qual país da OCDE e em mesmo não sendo mais alguma potencia regional que aceitaria tamanha arrogância? Nossos profissionais da defesa nacional e social com certeza estão mais capacitados a resolverem seus diversos assuntos sob o prisma da competência do que certas “castas” da sociedade civil não participante direta dos confrontos as quais nossos homens têm de fato a enfrentar. Fica o meu desabafo porque sei que é por essas e muitas outras que andamos como tartarugas.
O Almte.Eduardo Bacellar Leal Ferreira esta de parabéns. Muiiiiito !!. Com muita sabedoria esta mostrando a necessidade de que temos que ter uma esquadra na costa norte (chamada segunda esquadra apoiada por uma base naval). Para proteger o povo que habita naquele lugar e tendo em vista sua realidade específica. Isso é mais do que justo, pois são essas pessoas que sofrem as consequencias de tudo que acontece na imensa amazônica, região abençoada pelas riquezas naturais e considerada pulmão da terra. Daí é que os povos de várias etnias serão os protagonistas das prioridades que deverão ser levantadas segundo o método ver, julgar e agir. Nao adianta levantar prioridades que não respondam às expectativas, sonhos e esperança dos interessados, nem levem em conta sua presença. Os habitantes das zonas rurais, ribeirinhas, migrantes e indígenas também precisam saber como tratar a grande riqueza e o potencial que a bacia amazônica representa para humanidade.”Neste contexto é a água, através de suas cachoeiras, rios e lagos, que representa o elemento articulador e integrador, tendo como eixo principal o Amazonas, o rio mãe e pai de todos”. Independente de outros orgaos do governo a Marinha do Brasil em sua sabedoria vem de longa data se preocupando com a situação dos povos e da natureza da Amazônia, por ser região que alimenta o ar a saúde da humanidade, é alvo de muitos interesses particulares; sua riqueza é apropriada por exploradores, que se aproveitam das carências dos que lá residem. São corruptores que induzem os pobres a se corromperem. Aproveito a ocasião para chamar atenção para importância do cuidado para com o planeta, pelo qual todos tem o dever de zelar. Não podemos viver sempre vigiados pelos poderes estrangeiros para cuidar do que é nosso. Deus nos deu capacidade de discernimento para decidirmos o melhor para nós e para o próximo. Que esse trabalho seja, efetivamente, ocasião para a abertura de concretizar ” A Segunda Esquadra” . Bravo Zulu ao almte. Leal Ferreira. Mais uma vez parabéns muiiito!!!
Perfeito Almirante, foram apontadas com precisão as ausências sentidas em nossa imensa fronteira azul. O Distrito e a BNVC localizados no estuário amazônico, não são suficientes e capacitados em meios e local para atender essa demanda.
O TEMA É DA MAIS INVULGAR IMPORTÂNCIA. Como conhecedor daquelas plagas ribeirinhas e seus principais acessos, pergunto ao Exmo Almirante se a futura Base Naval para a Segunda Esquadra, poderia, fática e estrategicamente localizar-se em MACAPÁ ou ainda em BELEM… A CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA me parece que sejam analisadas outras hipóteses…
Comentário atual e prospectivo. As FA são ainda, a Instituição de maior credibilidade do País. A atual Estratégia Nacional de Defesa credita seu entorno estratégico contemplando o espaço citado pelo ex comandante da MB.
O povo merece e deve ser, cada vez mais, informado sobre as tarefas atinentes à Defesa Nacional. Um país só consegue progresso e investimentos se houver segurança.
Os empregos virão a reboque.
Palavras seguras do AE Leal..
O Almirante de Esquadra Eduardo Barcellar Leal Ferreira sem dúvida foi brilhante ao comentar sobre a segunda Esquadra, considerando a necessidade de ampliarmos e melhor protegermos a nossa Amazônia , contra possíveis ameaças.
Excelente Almirante ! Uma visão de estadista
que aprimorou na sua não menos brilhante passagem pelo Comando da Marinha.
Áugusto José Souza Coimbra
Perfeito, Almirante Leal Ferreira. A Bacia do Amazonas é a linha natural de menor resistência para a penetração de forças hostis e sua posterior manutenção no interior da Amazônia. E à MB caberá o maior reforço, preferencialmente com forças navais, aeronavais e de fuzileiros navais vocacionadas, especialmente constituídas e adestradas para as características locais.
Onde se lê “reforço”, leia-se “esforço “.
Perfeito o raciocino do Almirante Leal ,independente de convocação , os militares reformados das três armas , sensibilizados com essa nefasta mídia internacional e também nacional , preconizam momentos futuros de tensão em relação a nossa Amazônia , portanto esses nossos militares como formadores de opinião podem e devem , começar a chamar atenção da população o nosso sentido patriótico e formar uma grande corrente , de forma rechaçarmos essa invasão de ideias para que não se tornem uma verdade cruel de possível invasão do nosso território .
Parabéns ao Alte Leal Ferreira por trazer à tona tema de invulgar importância aos interesses do Brasil.
As vulnerabilidades estratégicas que demandam a ampliação do Poder Naval não são adequadamente pressentidas pela sociedade. Creio que falta à Administração Naval envolver com mais empenho oficiais e praças veteranos, voluntários na tarefa de operarem como “agentes” de divulgação da mentalidade marítima e, consequentemente, da percepção de um poder naval que proteja os componentes do poder marítimo e a “Amazonia Azul”.
O Almirante Leal Ferreira apresenta de maneira esclarecedora, objetiva análise realista do tema que envolve a importância do Poder Naval naquela região.
Oportuno divulgar a sociedade a perspectiva estabelecida pela Marinha do Brasil no que diz respeito a defesa naval na nossa região norte.
Obrigado Alte. Parabéns!!!
Jayme P. da Silveira Neto
Felizmente, as Forças Armadas brasileiras, em tempos de Paz, atuam em prol da nação, primariamente, justamente onde a população é totalmente dependente de apoio… e a Marinha do Brasil através de seus Comandantes tem sido a “MÃO AMIGA” tão necessária à população ribeirinha, totalmente a mercê de grileiros e contrabandistas de riquezas naturais… sem contar com pseudo-ONGs disfarçadas de voluntariados mas na verdade geólogos e todos os especialistas em riquezas minerais.
Nos cabe Parabenizar e apoiar o esforço para defendermos nossa Soberania.
Parabéns Leal, excelente artigo que nos esclarece e nos convida à luta… Bravo Zulu
Uma preocupação legitima que deverá se tornar realidade a curto prazo para segurança do país.
Sim a marinha tem gente altamente competente sabe a importância da região , que é alvo de cobiça do planeta inteiro ! Temos que ter condições Logistica nesta região mais importante de recursos do Brasil !