União Europeia dá facada nas costas do Brasil e do Mercosul

O Acordo de Livre-Comércio entre a União Europeia e o Mercosul, negociado por 20 anos e finalmente assinado em 2019, foi posto em modo de espera no ano passado porque os europeus alegaram que o desmonte da política ambiental do governo Bolsonaro impedia que o processo de ratificação pudesse ir adiante.

A promessa era que, eleito no Brasil um novo governo que levasse a sério o combate ao desmatamento e a defesa do meio ambiente, o acordo seria finalmente implementado. Doce ilusão. Apesar de tudo o que o atual governo tem feito em matéria ambiental, os europeus mais uma vez mostraram que o que de fato impede a concretização do acordo não são as questões ambientais, que apenas servem de biombo para camuflar o protecionismo europeu em matéria de agricultura.

Nas discussões em curso para a implementação do acordo os europeus apresentaram uma lista de novas exigências na área ambiental que nunca foram postas em nenhum tratado assinado até hoje. Além disso, transformaram compromissos voluntários do País assumidos nos acordos multilaterais como obrigações vinculantes, num tratado bilateral entre dois blocos. Conforme noticiou a imprensa (Valor, 23/3), “O documento europeu faz nada menos de 19 referências ao Acordo do Clima de Paris, portanto como um dos elementos essenciais do Acordo UE-Mercosul. E em uma delas, o significado, visto do Cone Sul, é que um eventual descumprimento das metas individuais no Acordo de Paris poderia resultar em suspensão das concessões acertadas no acordo UE-Mercosul”. Para acrescentar escárnio à injúria, vazaram o documento, que está sendo discutido em sigilo, para um grupo de organizações não governamentais (ONGs) que se apressaram em declarar insuficientes as demandas de Bruxelas ao Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Segundo noticiou a imprensa, o gesto causou profundo mal-estar no Itamaraty, já que rompeu a boa-fé do processo e ainda criou uma pressão ainda mais elevada para que as exigências fossem aprofundadas. Conforme informou o UOL (26/3), “Internamente, o Itamaraty insiste que está disposto a continuar negociando. Mas em recente entrevista, o chanceler brasileiro Mauro Vieira não escondeu suas críticas aos europeus, alertando que o Brasil não aceitaria medidas unilaterais e nem condições impostas sobre como cada país do Mercosul deveria lidar com suas realidades. Para membros do governo, os europeus estão revelando sua face protecionista, uma vez mais”.

Luís Antonio Paulino
Luís Antônio Paulino é professor doutor associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da equipe de colaboradores do portal “Bonifácio”.

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1 COMENTÁRIO

  1. O Brasil nunca aprende, sempre levando bola nas costas!
    Simplesmente um anão diplomático… um país que sempre aceitou ser colônia. O país que tem recursos é o Brasil então cabe a nós exigir com nossas condições e não uma Europa que será islâmica em pouco tempo.

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