O fundo bilionário de George Soros aposta contra a centralidade da questão nacional

Batalha dos Guararapes, berço e gênese da nacionalidade brasileira, pintada por Victor Meirelles.

Chama a atenção a recente decisão do especulador magnata húngaro George Soros de liberar $1 bilhão para a criação de uma rede universitária de âmbito mundial, abertamente destinada a promover a dita sociedade aberta e os seus valores liberais. Essa medida apresenta-se, segundo ele, em resposta ao surgimento e/ou fortalecimento de governos nacionalistas, nos quais inclui o governo chinês de Xi Jinping, o russo de Putin, o indiano de Narendra Modi, o estadunidense de Donald Trump, o húngaro de Viktor Orbán, o norte-coreano de Kim Jong-Un e, até mesmo, o brasileiro de Jair Bolsonaro, a despeito do principal nome desse governo, o financista Paulo Guedes, ser um contumaz defensor da mesma sociedade aberta de Soros.

Em sua avaliação, o nacionalismo é o principal inimigo da sociedade aberta. Ele está correto. Nem mesmo o internacionalismo proletário condensado na fórmula “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!” o assusta; antes o estimula por justificar uma certa disposição antinacional. Ele não hesita em classificar a China de Xi Jinping como o País que mais o incomoda, pois o socialismo chinês, em vantagem na disputa tecnológica com EUA e Europa, é francamente nacionalista: é o “socialismo com características chinesas”. De fato, como veremos, é o nacionalismo quem mais impõe barreiras ao projeto político de dominação bancado por Soros.

George Soros: o magnata das finanças aponta seu fundo de 1 bilhão de dólares para financiar movimentos e lideranças em todo o mundo contra o nacionalismo e contra a centralidade da questão nacional.

A expressão “sociedade aberta”, na acepção de Soros, tomada de empréstimo do filósofo austríaco Karl Popper, significa, simplesmente, a sociedade liberal, cujo individualismo possessivo moral legitima, no plano axiológico, o controle político-econômico privado exercido pelo mercado, como preconiza George Soros.

Tal “abertura” significa a desterritorialização dos contingentes humanos e a dissolução completa dos vínculos substantivos e do patrimônio de cada povo em relações abstratas de compra e venda, mediadas pelo dinheiro, principal instrumento político dos financistas para controlar populações e países inteiros.

A sociedade aberta é, de fato, menos do que uma sociedade, reduzindo-se a uma soma de individualidades sem pertencimento nem lealdade coletivos, aglomeradas pela adequação compulsória do pensamento, da linguagem e dos afetos a critérios mercadológicos e, portanto, apátridas.

O identitarismo pós-moderno, manifestação cabal da sociedade aberta e publicamente financiado por Soros, é, com efeito, um estratagema para desidentificar certos tipos sociais da Nação a qual pertencem. Cumpre a função de agrupá-los em identidades artificiais e arbitrárias que, desenraizadas de qualquer vínculo comunitário e de toda história comum, espelham o caráter abstrato e impessoal do dinheiro que as forja, condicionando seus integrantes à compulsão hedonista e consumista própria de um individualismo sem peias.

Uma Nação, ao contrário de uma “sociedade aberta”, não se improvisa nem se compra, é obra coletiva de séculos.

Por isso mesmo, tais identidades são nada mais do que modismos, itens de consumo feitos para serem comprados, exibidos e descartados. São tão frágeis e voláteis quanto o cassino financeiro que as possibilita e pelo qual Soros, um dos seus principais agentes, enriquece. Na sociedade aberta, o indivíduo humano não é uma pessoa, cuja personalidade forma-se no compartilhamento de uma vivência nacional comum e na lealdade a seus compatriotas, mas um manequim de roupagens extravagantes, que evidenciam o poder dos magnatas financeiros de decidirem sozinhos o que cada um deve pensar, querer e sentir.

Apenas em uma sociedade aberta, na qual os padrões existenciais são ditados por uma oligarquia financista, torna-se natural e aceitável a atuação espoliativa de George Soros, que coleciona, entre os seus feitos, a colaboração para a derrubada dos regimes socialistas do leste europeu e sua subsequente pilhagem, e, também, um ataque especulativo à libra esterlina que o levou a ganhar cerca de 1 bilhão de dólares (ironicamente, o mesmo valor que hoje ele destina a uma universidade própria) em apenas um dia, levando, assim, o Banco da Inglaterra à falência.

As nações, por outro lado, comportam relações sociais e estruturas históricas complexas e irredutíveis aos comandos financeiros privados. Nações são construções históricas coletivas nas quais confluem as experiências e os esforços de sucessivas gerações unidas entre si por memória e língua comuns. Sua permanência histórica sedimenta uma identidade concreta e singular, maior que os indivíduos, na qual eles se reconhecem e se situam.

Paulo Guedes, ministro da Economia do Brasil, defende as mesmas ideias da sociedade aberta pregada por George Soros, embora o presidente do Brasil tenha sido alvo das críticas do financista húngaro.

Uma Nação, ao contrário de uma “sociedade aberta”, não se improvisa nem se compra, é obra coletiva de séculos. Toda Nação é, portanto, fechada, no sentido de proteger a sua identidade e o seu patrimônio, impondo limites ao alcance e à intensidade das operações mercantis e, com isso, resguardando-se do arbítrio de especuladores como Soros.  

Por conseguinte, o nacionalismo implica a edificação de instituições capazes de representar e de desenvolver uma comunidade nacional específica, subsumindo a economia às necessidades e aspirações da Nação. O nacionalismo é, em suma, a defesa do que é comum a um povo organizado historicamente em uma nacionalidade.

Exatamente por isso, só as nações são de fato abertas ao devir histórico, pois, sendo coletivas, substanciais e duradouras, abrangem um conjunto amplo e complexo de aspectos da realidade, entre os quais se inclui a prática criadora humana. Só nos marcos nacionais, assumindo o modo de ser característico da Nação a qual uma sociedade pertence, é possível haver uma abundância de vida, no sentido de uma disposição para a liberdade.

A liberdade, bem entendida, não se confunde com a concepção individualista e possessiva que o liberalismo lhe dá, pois é um fenômeno social e relacional, cuja realização se condensa na inserção em uma comunidade nacional idiossincrática. A liberdade é, ao mesmo tempo, conservadora da identidade pátria e criadora de novas possibilidades inerentes a esse modo nacional de existência. A liberdade só existe imersa nas ligações e na lealdade concretas com aqueles com quem se compartilha um destino comum, propriamente nacional.

Portanto, a transformação qualitativa do real depende, em grande parte, de uma condução política representativa da totalidade nacional e, desse modo, capaz de agir no curso dos acontecimentos conforme as peculiaridades da Nação. Justamente por ser “fechada”, no sentido de preservar aquilo que lhe é próprio, é que uma Nação pode ser aberta à liberdade e à História, pois a criação autêntica do novo parte de um repositório comum de experiências, tradições e instituições que compõem o patrimônio nacional. A liberdade e a História são atributos nacionais, ou seja, coletivos e superiores aos indivíduos e aos interesses puramente utilitários que caracterizam a sociedade aberta.  

Alastra-se a consciência, em todo o mundo, de que só pela primazia da questão nacional cada sociedade encontrará as respostas para seus problemas e desafios.

Por outro lado, a sociedade aberta é fechada à História. Em razão de sua artificialidade e falta de densidade temporal e comunitária, os tipos sociais e organizações que dela fazem parte dependem, única e exclusivamente, do poder financeiro que os sustenta. Vivendo no eterno presente do mundo financeiro, do puro valor-de-troca, são incapazes de responsabilidade coletiva e de participarem da projeção e da construção de um futuro alternativo.

O “progressismo” da sociedade aberta, celebrado por Soros e seus funcionários, nada mais significa do que o acréscimo quantitativo e compulsivo de novas e precárias identidades artificiais ao mesmo plasma mercantil. Ocorre, assim, uma aceleração das relações sociais – reduzidas a relações de troca – ao mesmo tempo em que há a aniquilação das perspectivas transcendentes ao status quo liberal.

Dividido artificialmente entre identitários de “direita” e de “esquerda”, o Brasil desperdiça as energias necessárias para defender seus interesses nacionais e retomar um projeto nacional de desenvolvimento que proteja seu futuro.

Não há liberdade nem História na sociedade aberta, pois não há raízes, lealdade e pertencimento concretos, apenas a vontade caprichosa dos que a comandam pela força do dinheiro. A sociedade aberta é feita à imagem e semelhança da Bolsa de Valores, para remover os empecilhos que os vínculos e práticas sociais nacionais e alheios à lógica de mercado representam para a acumulação financeira desmedida. 

O nacionalismo significa, então, o principal meio de resistência dos povos à espoliação dos seus países pela banca. Por isso, Soros o aponta corretamente como o seu principal inimigo. No intento de fechar a História com a sociedade aberta e eternizar a dominação financeira, o magnata húngaro pretende intensificar a formação de quadros políticos e intelectuais comprometidos em remover quaisquer obstáculos à financeirização e à mercantilização de todos os aspectos da vida.

Mas as sociedades concretas e realmente existentes, que são nacionais e não “abertas”, resistem a serem dissolvidas e transformadas em meros instrumentos de valorização de ativos bursáteis. O mal-estar e a degradação dos padrões de vida e de convivência provocados pelo neoliberalismo nas últimas décadas, para os quais Soros muito contribuiu, colocam novamente a centralidade da Nação como eixo ordenador de uma política voltada para as maiorias populares.

Alastra-se a consciência, em todo o mundo, de que só pela primazia da questão nacional cada sociedade encontrará as respostas para seus problemas e desafios. Não importa quanto dinheiro a mais Soros gaste para formar uma elite que respalde seu projeto, o século XXI é e será cada vez mais nacionalista.

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Mestre e doutorando em Ciência Política na Universidade Federal Fluminense (UFF).

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10 COMENTÁRIOS

  1. Texto magnífico, meu caro Felipe Quintas.
    Fora da questão nacional, não há política popular genuína.

  2. Nosso período democrático vem sendo uma maratona desgastante na qual o Brasil vem perdendo seus pedaços com uma velocidade nunca antes vista. Hoje parece que estamos em pleno pique final, numa arrancada desajeitada rumo à linha de chegada. Lá está dois personagens, de um lado o bilionário nacional, de outro seu amigo o interesse estrangeiro, cada um agarrado a uma ponta de uma faixa na qual se lê “CHEGADA: Estado mínimo”. E o Brasil pronto para passar por ela, ser envolvido, ou melhor, enrolado, e terminar de se desmanchar.
    Eis o desejado modelo de estado mínimo para o qual avançamos. Não haverá uma estatal ou riqueza nacional sequer para o exército proteger. Ou pior, pagaremos nossas Forças Armadas Brasileiras com impostos cobrados em cima do salário de fome para proteger empresas privadas. As FAB terão bem reduzidas funções, entre elas ainda haverá apenas a necessidade de vigiar (proteger) o tráfico na enorme fronteira da neocolônia Brasil, reprimir manifestações do povo cada vez mais miserável (lembrando que eles estavam treinando pontaria no Haiti) e, sua função mais tradicional, promover golpes de estado — caso o estatuto de colônia for ameaçado. E o povo no meio disso? O que explica o povo, no qual inclui militares de baixo rango ou nacionalistas sérios, apoiar o discurso desses facistóides? Eis a questão.
    Depois de plantarem e colherem ditaduras pela América Latina, passou-se um tempo e o solo quedou infértil. Isso não sem prejuízos para Império. Mas o Império, assim como a Revolução, não pode estagnar-se. Ele encontrou meios mais sutis e sofisticados, sementes transgênicas que, ao misturar duas espécies distintas, o militante de esquerda e o babaca liberal, foi bem-sucedido em produzir em larga escala. Brotou e se misturou a ambas espécies originárias, se confundiu com elas, e hoje temos um vistoso latifúndio que é a esquerda liberal identitária.
    Esse enorme latifúndio com seus frutos coloridos e patéticos causaram uma superengorda do gado, que vagava magro pelo chão infértil. Um cérebro de gado, com discursos bovinos mesmo, passou a ser competente o bastante para desmoralizar não só essa esquerda transgênica, “neoesquerda”, mas toda a esquerda perante o povo. O gado vende o país barato. Cria um partido novo assim que alguém contrarie a repartição dos lucros. Assim, não há necessidade de investir na base do gado, ele cai no colo do Império diretamente das (suspeitas) urnas eletrônicas. Basta alimentar a nova esquerda com bolsas de estudos em temáticas coloridas, financiamento de jornalecos, distribuição de carguinhos… e pronto, o rebanho engorda. A chamativa esquerda colorida ao lado do gado gordo que berra alto, tentam encerrar o debate político em seus destemperos irrefletidos. A neoesquerda ataca o neoliberal… e pronto, o ciclo se repete e se retroalimenta indefinidamente. Existe uma palavra que descreve isso, a quem interessar, é a cismogênese.
    Quanto mais essa relação entre neoesquerdistas e fascistóides se torna tóxica, mais se alimenta dos holofotes. É tanta luz em cima desses “melhores inimigos”, que aqueles que querem pautar um debate sério são totalmente ofuscados, não por ter carecerem de brilho próprio, mas os holofotes artificiais possuem dono, essa mídia golpista tem dono.
    {ok por ora}

    Quintas neles!

  3. Matéria valiosa. Uma linha de pensamento concreta sobre a valorização do conceito de Nação sem a exacerbação da proposta de nacionalismo retórico e ultrapassado do atual governo brasileiro. Parabéns pela matéria

    • O governo brasileiro ,representa os verdadeiros valores de nossa nação,, está sendo necessário um esforço exarcebado,para limpar a pátria dos indivíduos,que a usaram para dilapidar seu patrimônio,enriquecendo seus familiares,dizendo que estavam tirando da pobreza,nossos cidadãos,estamos empreendendo uma verdadeira limpeza

  4. Soros e parte intrínseca do capitalismo financeiros dos últimos 30 anos. O pós Reagan. Um protagonista de grandes operações de câmbio contra a libra, o franco, etc.. de caráter geopolítico de defesa
    da hegemonia norteamericana contra a construção monetária da União Europeia liderada por Giscard Destaing, que terminou com a construção do euro como moeda independente. Muito ligado a Madeleine Albrait, da geração de jovens intelectuais da Europa Central, teve papel destacado político e ideológico nos dois governos Clinton, este com grande simbiose com o governo Fhc. Este, praticamente um aplicador sistematico do receituario do Consenso de Washington , feito por facção da escola de Chicago especializada em política pública. Luminares como Malan e Gustavo Franco pontuaram nesse período com crises induzidas por ideias fixas sobre câmbio fixo, e ainda de superior descortinio, o chamado pacote 51 enviado de Washington em meio a um feriadão. O número de medidas ficou inevitavelmente associado à marca de cachaça. Já Soros ficou mais associado a Armínio Fraga que no BC implantou o tripé com câmbio flutuante.E o mecanismo de metas de inflação .
    Com Lula , já outro luminar H. Meireles veio de relações republicanas de Bush, onde Soros, considerando-se próximo da esquerda com suas ONGs, ficou cuidando de seus fundos.

  5. Olá Quintas! Obrigada pelo artigo tb acompanho suas contribuições no duplo expresso, bem como compartilho de suas críticas ao identitarismo q se perdeu e ocasionou um divisionismo. No q tange ao aborto, não entendi bem o seu posicionamento acerca do aborto, me pareceu algo meio cristão (talvez) até pq entendo que antes de ser una questão à esquerda trata- se de uma questão ética/de saúde e por isto alguns países logo aprovaram. Enfim se puder aprofundar e enriquecemos o debate agradeço. abraço

  6. Quintas,

    Recomendo que venhas ao twitter – há uma enorme possibilidade a se desfrutar de diálogo direto com seus pares, constante possibilidade de dá-e-volta. Sei todavia que é uma mais uma rede de vigilância estadunidense. Contarias com uma seguidora, em todo o caso.

    Aprendi algo sobre o Arraes na tua participação, recomendas mais leituras? O que havia me incomodado fora o tom de escárnio na questão do aborto q é sim delicada e q ñ pode ser só vista do plano do desenvolvimentista. Nesse sentido, maternidade & *paternidade* deveriam ser receber apoio e investimento estatal, o que ñ é o caso, vide o enorme número de mães solteiras e lares monoparentais existentes – lembrando que por mtas vezes ñ por escolha das mulheres (em grande maioria indígenas e negras) mas por normas de gênero vigentes. Ao meu ver, ainda ñ se tratam de questões contraditórias.

    Ser de esquerda – até na própria esquerda nacionalista – é entender que a proibição da interrupção voluntária da gravidez se torna estopim entre nós; dá munição pro identitarismo e freia o engajamento de mulheres que são ativas em debates feministas e se consideram ainda assim nacionalistas; eu me alio com você no grande projeto nacional, eu vejo essa urgência na ação, mas considero que você não tem o direito de cercear esse debate – ñ pelo tal lugar de fala, mas porque brasileiras são mais da metade da população.

  7. Quintas,
    Seus textos têm me ajudado bastante a pensar algumas questões sobre a institucionalização do pós-modernismo, o fato de que cada vez mais, elevam-se algumas vozes segundo critérios de legitimidade sempre determinados pelo Norte Global e a urgência de se pensar num projeto nacional. Você podia estar mais ativo no Twitter p/facilitar o debate, acompanho tuas intervenções no DE, mas é sempre uma via só, sem direito de resposta. Fui treinada eu msma no identitarismo e existem mts autoras e autores q até fortaleceriam tua crítica. Repudiei mt uma intervenção sua sobre o Arraes no DE e o o q aparentou ser um desprezo sobre a posição da mulher na luta nacional nas suas falas sobre a questão do aborto. Pelo q tenho acompanhado depois disso, parece ter sido só uma impressão, seu próprio pensamento está sujeito ao tal progresso. Fica aqui, como mulher nacionalista pró-aborto, meu respeito e um abraço.

    • Obrigado, Lise. Não tenho twitter ainda, talvez faça um. Quanto ao Arraes, considero-o um líder político exemplar cujos governos estaduais, em particular o primeiro, seguiram à risca e com muito êxito a plataforma nacional-popular. Minha apresentação no Duplo Expresso foi justamente para reabilitar a memória e os grandes feitos dele. Quanto ao aborto fora dos casos estabelecidos pela lei brasileira, considero um mal desnecessário. Ser de esquerda significa, entre outras coisas, mudar o sistema econômico para melhor amparar a maternidade e a infância, e não fugir de resolver o problema liberando a interrupção voluntária da gravidez e impedindo que novas vidas cresçam e deem sua contribuição ao mundo.

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