Não há positivistas no Governo Federal

Benjamin Constant Botelho de Magalhães, estadista brasileiro, militar, engenheiro, ideólogo positivista e republicano, integrou o gabinete do primeiro governo da República com o Marechal Deodoro da Fonseca.

Ao contrário do que afirma Carla Zambelli, não há!

O General Benjamin Constant, ministro da Instrução Pública durante o governo republicano provisório do Marechal Deodoro, nasceu em Niterói em 18 de outubro de 1836. Sua contribuição aos generais brasileiros formados após a Guerra do Paraguai (na qual teve destacada performance como engenheiro militar) na Escola Militar da Praia Vermelha e na Escola Superior de Guerra, foi inestimável.

Líder positivista e governador do Rio Grande do Sul, Júlio de Castilhos valorizou os serviços públicos e promoveu a educação e o trabalho como essenciais ao ideal republicano.

Pela eloquência de Constant nas salas de aula floresceram no Brasil as primeiras manifestações da apropriação nacional do ideário positivista de Augusto Comte, que aqui tomou (como bem lembra o acadêmico José Murilo de Carvalho) cores próprias, antropofagizando-se à realidade brasileira e contribuindo para a construção de iniciativas pioneiras e generosas de progresso social e inclusão social pela educação, especialmente no Rio Grande do Sul de Júlio de Castilhos e no Pará de Lauro Sodré.

Decisivo para a queda da monarquia, o positivismo de Benjamin Constant, calcado no aperfeiçoamento do Estado, na profissionalização dos militares (dentro do princípio do soldado-cidadão, semeador da Razão, da Ciência e da Soberania), na inclusão pela instrução pública, na matriz industrial com divisão do trabalho social, na crítica ao individualismo e às práticas ocultas, com o princípio do “viver às claras”, tornou-se contra-hegemônico durante a República Velha, uma democracia de fachada marcadamente liberal.

O Marechal Rondon trabalhou pelo reconhecimento da cidadania indígena e pela integração das populações indígenas à sociedade nacional.

Muito embora recebido post mortem o epíteto de “Fundador da República Brasileira”, por intermédio da Constituição Federal de 1891, e oferecendo seu nome ao Instituto Benjamin Constant (antigo Imperial Instituto dos Meninos Cegos, por ele dirigido), Constant em particular e os positivistas em geral permanecem esquecidos, escamoteados que foram em vida pelos liberais e, perante a História, diminuídos pela historiografia de esquerda, que os reputa “autoritários” e “conservadores”.

Foram, pelo contrário, os maiores promotores da inclusão em seu tempo: com Nísia Floresta, da participação política da mulher. Com Benjamin Constant, do ensino aos excluídos. Com Júlio de Castilhos, da proteção ao trabalho. Com Rondon, da cidadania do indígena.

A deputada Carla Zambelli disse que os positivistas são “o pior câncer do Brasil”. A deputada não conhece a história e nem os problemas do Brasil.

Quando lemos uma personagem como a deputada Carla Zambelli, de rasas convicções e nenhum conhecimento de causa sobre os problemas do Brasil, afirmar que “os positivistas são o pior câncer do Brasil”, como hoje fez, lembramos que não há um único ministro como Constant em um governo permeado, do presidente da República ao mais modesto comissionado, por liberais globalistas, anti-nacionais e de costumes fúteis e mercadológicos.

Não há, lamentavelmente, positivistas no governo, deputada.

A Benjamin Constant, por sua contribuição à Educação pública com a inclusão dos cegos e a formatação das primeiras escolas de professores (especialmente da Escola Normal da Corte, atual ISERJ), as nossas homenagens. À contribuição dos positivistas, heróis nacionalistas, os nossos respeitos.

Lucas Cardoso Alvares é jornalista, professor das faculdades de Jornalismo e Propaganda e Propaganda da Universidade Estácio de Sá, doutor (2019) em Memória Social pelo Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e diretor cultural do Instituto da Brasilidade.

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7 COMENTÁRIOS

  1. Ao passado nossas homenagens e lembranças a quem contribuiu na construção de nosso país. Ao presente, eis a hora de reconhecermos os pós-positivas, que com o positivismo e para além dele, através de uma crítica das lacunas e brechas das ações e teorias, possam dar continuidade a um projeto de desenvolvimento progressista, intercultural e plural do Brasil.

  2. Realmente não existem positivistas no governo Bolsonaro. Os positivistas privilegiavam a educação pública, laica e de qualidade.

  3. O governo do Capitão é terrivelmente liberal, uma mistura de cobra d’gua com jacaré:
    Fascismo e Liberalismo reproduzindo uma Republiqueta de bananas.
    Sinceramente, Roberto Wanderley

  4. Oremos para que a Deputada assimile ao menos 1/3 do conhecimento que impregna este esclarecedor texto, para que no futuro ela nos presenteie com seu silêncio sobre questões que não domina.

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