EUA querem mais comércio com América Latina para conter a China

Matéria do jornal Valor Econômico (03/11) informa que o presidente dos EUA, Joe Biden, recebeu, em 03/11, em Washington, líderes de países latino-americanos para um primeiro encontro da Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica, que visa aprofundar a integração econômica na região e enfrentar os problemas que alimentam a migração. Segundo a matéria, “líderes regionais consideram a falta de oportunidades econômicas para muitos latino-americanos uma das razões para o número recorde de migrantes da região que cruzaram ilegalmente para os EUA nos últimos dois anos. O evento foi anunciado no ano passado na Cúpula das Américas em Los Angeles, quando Biden tornou prioritária a expansão das alianças dos EUA para combater concorrentes como a China e rivais como a Rússia”.

Enquanto os Estados Unidos falam, a China age, seguindo o preceito confuciano de que ação e palavra devem caminhar juntos. Conforme informa o South China Morning Post (05/11), “Pequim está fazendo incursões na América Latina, uma região historicamente aliada dos EUA, e a China considera agora a Colômbia um “parceiro estratégico”. Acordos recentes assinados entre a China e a Colômbia destacam novas parcerias, incluindo a conservação da água e a descarbonização”. Ainda segundo a matéria, “A importantíssima indústria pecuária da Colômbia espera ver uma explosão de crescimento nas exportações para a China após acordos assinados entre os dois lados, e os smartphones da China encontrarão um mercado em expansão no país sul-americano, disse esta semana o cônsul-geral colombiano em Hong Kong”.

Conforme informou o jornal Valor Econômico (22/11), “Em visita à China, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, encontrou-se com o líder chinês, Xi Jinping, e fechou uma série de acordos de cooperação visando avançar com o Tratado de Livre Comércio (TLC) entre as nações, parado há mais de um ano”. Ainda segundo a matéria, “Os acordos firmados incluem a assinatura de 24 tratados e memorandos que impõem novas e melhores condições de intercâmbio em setores-chave para a economia do Uruguai, como agricultura e energia limpa”.

A China já é o principal parceiro comercial de muitos países da América Latina, entre eles Brasil, Argentina e Chile. Com o Chile, a China tem um acordo de livre-comércio assinado em 2006, o primeiro na América Latina. Em 2023, a China também assinou um acordo de livre-comércio com o Equador e também possuiu acordos de livre-comércio com Peru e Costa Rica, assinados em anos anteriores.  A elevada complementaridade entre a economia da China e a dos países da América Latina torna o comércio bilateral extremamente vantajoso para os dois lados. Para a maioria os países latino-americanos, sobretudo da América do Sul, a demanda chinesa pelas commodities minerais e agrícolas tem sido, nos últimos anos, o principal motor de seu crescimento econômico e a principal fonte de divisas. Para a China, os mais de 400 milhões de habitantes da região constituem um mercado importante para as empresas chinesas, sobretudo diante das crescentes restrições impostas pelos Estados Unidos e Europa às exportações chinesas.

Luís Antonio Paulino
Luís Antônio Paulino é professor doutor associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da equipe de colaboradores do portal “Bonifácio”.

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