Brasil x China x Estados Unidos: tecnologia é o nome da guerra

    A grave denúncia oferecida pela SBPC sobre o cenário de desmonte da ciência e pesquisa no País reveste-se de importância maior pelo quadro de perda crescente de competitividade da economia brasileira, principalmente da indústria.

    O Brasil perde capacidade industrial porque perde competitividade, perde competitividade porque perde capacidade de inovar, perde capacidade de inovar porque perde capacidade científica e tecnológica: eis a equação do desastre.

    A queda vertiginosa da participação da indústria no PIB nacional é acompanhada da perda do emprego industrial melhor remunerado, das exportações de alta tecnologia e dos tributos e divisas que a economia de maior valor agregado pode oferecer.

    Não é por tarifa, mas por tecnologia a guerra travada entre Estados Unidos e China que tira o sono de boa parte dos governantes do mundo. O processo produtivo cada vez mais subordinado à tecnologia da informação determina o lugar de cada país na economia internacional.

    Quando Bill Clinton assumiu a presidência dos Estados Unidos, em 1993, era corrente a ideia de que o Japão se tornara uma economia mais avançada e competitiva, e seria questão de tempo ultrapassar os Estados Unidos.

    Para tratar da grave questão, Clinton convocou um grupo de consultores liderados pela professora Laura Tyson, que ofereceu uma solução aparentemente óbvia e simples: elevar o orçamento público para a pesquisa, aproximar os institutos de pesquisa, as universidades e as empresas para enfrentar o desafio da inovação.

    Segundo os consultores, não haveria razão para a maior economia do mundo, o maior orçamento de pesquisa do mundo, os melhores institutos de pesquisa e universidades do mundo, as maiores empresas do mundo serem superados por um competidor de menor expressão como o Japão. Clinton adotou as sugestões de seus consultores e a verdade é que nunca mais se ouviu falar da possibilidade de a economia japonesa tornar-se mais competitiva que a norte-americana.

    O Brasil, se quiser retomar o pelotão de frente das nações do futuro, precisa abandonar o que resta de ilusões no superado receituário do Consenso de Washington e adotar o caminho da inovação universal, na indústria, na agricultura, nos serviços, na defesa e na educação.

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    Aldo Rebelo é jornalista, foi presidente da Câmara dos Deputados; ministro da Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência e Tecnologia e Inovação e da Defesa nos governos Lula e Dilma.

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    3 COMENTÁRIOS

    1. Boa análise meu sempre atento amigo e compatrióta que a boa terra das Alagoas deu ao Brasil.
      Investir em Pesquisa,Ciência e Tecnologia é imperativo para o nosso e qualquer outro país que busque de fato seu desenvolvimento soberano,não só na indústria, mas em outros setores da economia e da vida nacional.
      Gosto muito dos trabalhos desenvolvidos do Instituto do Semiárido Nordestino, em especial da passagem de Manuelito Dantas Vilar por lá. Nossos técnicos e pesquisadores desenvolveram uma série de estudos que opontam saídas para o maior semiárido do mundo em extensão , com maior população, maior média pluviométrica e maior diversidade de plantas e animais. Somos vocacionados à sermos uma das regiões com maior produção de proteína animal. É só termos um governo que de fato valorize suas Instituições de pesquisas e seus quadros de pessoal extremamente qualificados e abnegados.
      Principalmente em tempos em que a demanda por proteína animal só cresce no mundo e com perspectivas de médio prazo em se manter assim, influenciado fortemente pela capacidade de compra e consumo da China e seu povo.
      Lamentavelmente o Governo Bolsonaro sabota nossa vocação de sermos maiores e mais fortes como país,povo e nação.

      Saudações democráticas e patrióticas.
      Evaldo R Vilas Boas.
      Alagoas/São Paulo/Minas Gerais.

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