Restrição orçamentária impede conclusão de superacelerador de partículas até 2020

O Projeto Sirius, a maior iniciativa científica em curso no País, não será totalmente concluído em 2020, como anteriormente previsto. O motivo é compartilhado com a ameaça que paira sobre a estrutura de pesquisa científica e tecnológica nacional: as restrições orçamentárias impostas pela equipe econômica do governo federal.

Da dotação orçamentária do projeto prevista para este ano, R$ 255,1 milhões, até setembro, apenas R$ 75 milhões foram liberados, menos de 30% do montante. Com isto, a previsão mais otimista para a conclusão do projeto passa para 2021.

Segundo o diretor do projeto, o físico Antônio José Roque da Silva, o início dos trabalhos com o acelerador, ainda que de forma parcial, no próximo ano, dependerá do fluxo de liberação dos recursos:

Se das 13 [linhas de pesquisa] vamos entregar sete, oito ou nove em 2020, tudo vai depender de como as coisas andem. A medida que os recursos forem liberados, conseguimos programar as outras linhas. Não tem milagre. Você atrasa o escopo total do projeto, mas o ponto importante é que foi possível fazer uma gestão para que o Sirius comece a dar retorno. Com a entrega da primeira linha de luz, ele começa a ser utilizado. Vamos aguardar até o final de setembro, ver quanto dos R$ 255 milhões ainda vamos conseguir empenhar e receber. O que recebemos priorizamos para garantir a primeira linha de luz. Já é um entendimento que vamos ter de escalonar (G1, 12/09/2019).

Iniciado em 2014 e inaugurado oficialmente em novembro de 2018, com a conclusão da sua primeira etapa, o Sirius terá um custo total estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão, do qual até agora já foi gasto R$ 1,25 bilhão.

O Sirius é um acelerador de partículas de quarta geração, integrante do Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), que está sendo construído em Campinas (SP). É considerado como a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil. Atualmente, existe apenas um outro laboratório de luz síncroton de quarta geração em operação em todo o mundo, o sueco MAX-IV.

A luz síncroton pode ser definida como uma espécie de raio-X de altíssima potência, utilizada para analisar diversos tipos de materiais nas escalas molecular e atômica, com múltiplas aplicações nas áreas de materiais utilizados na construção civil, indústria petrolífera, fármacos e muitas outras.

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