Perdidos na noite: a diplomacia brasileira na era do caos

    O remorso de Orestes (1862) Autor: W.A.Bouguereau (1825-1905)

    Perdidos na noite (Midnigth Cowboy, no título original) é um filme de 1969 do premiado diretor John Schlesinger. Joe Buck (Jon Voight) é um jovem texano bronco e inculto, que migra para Nova Iorque e sobrevive como garoto de programa associado a um fracassado e delinquente de nome Rizzo (Dustin Hoffmann) no submundo da noite da metrópole.

    Jon Voit e Dustin Hoffmann perdidos na noite e no submundo da cidade grande.

    No episódio envolvendo o confronto entre Estados Unidos e Irã, o governo brasileiro e o Itamaraty renunciaram aos interesses nacionais e resvalaram para o submundo da geopolítica, a serviço dos objetivos norte-americanos no conflito.

    Brasil e Irã mantêm relações desde 1903, adensadas nos últimos governos com visitas de chefes de Estado, trocas de delegações oficiais e intensificação do comércio bilateral.

    Em 1965, o presidente Castello Branco recebeu o xá Reza Pahlav e sua esposa Farah Diba em visita celebrada com direito a selo comemorativo.

    Em 1965, o presidente Castello Branco recebia a visita oficial do xá Reza Pahlav e sua esposa Farah Diba.  A visita foi tratada na mais elevada esfera diplomática, com a assinatura de acordos e direito a selo comemorativo.

    Lula e Ahmadinejad: diplomacia em alto nível e percepção geopolítica refinada.

    Em novembro de 2016, no governo do presidente Michel Temer, durante a visita do ministro da Economia e Finanças iraniano, Ali Taiebnia ao Brasil, o então ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, anunciava a projeção em futuro próximo de um comércio de US$ 5 bilhões entre os dois países.

    No governo Temer, a presença do ministro da Economia e Finanças do Irã, Ali Taiebnia, com seu colega brasileiro Marcos Pereira: última visita de uma delegação de alto nível do Irã ao Brasil.

    Em 2009, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, visitou o Brasil, gesto retribuído em 2010 pelo presidente Lula em sua celebrada passagem por Teerã, quando tentou arranjar o acordo que reduzisse as expectativas do programa nuclear iraniano.

    A presidente da Câmara de Comércio Brasil-Irã, Romana Dovganyuk, calcula os prejuízos dos erros diplomáticos do Brasil no comércio bilateral.

    O Irã é o quarto importador mundial de produtos agrícolas do Brasil. Após o apoio do governo brasileiro ao assassínio do general Qasem Soleimani pelos Estados Unidos, a presidente da Câmara de Comércio Brasil-Irã, Romana Dovganyuk, estimou a redução em até US$ 1 bilhão nas compras de produtos brasileiros por importadores iranianos.

    Presidente Bolsonaro: a diplomacia brasileira de frente para os EUA e de costas para o Brasil.

    Perdidos na noite da geopolítica mundial, o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro Ernesto Araújo arrastam o Brasil para a irrelevância diplomática, e na prática trabalham para que os competidores do Brasil no agronegócio recebam de graça parceiros comerciais duramente conquistados pelo trabalho árduo de décadas de governos anteriores.

    Analista de política externa e cientista político

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    3 COMENTÁRIOS

    1. muito amadorismo nas relações internacionais do atual governo trazendo sérias complicações para a balança comercial brasileira. Tempos de trevas

    2. A subserviência que o governo Bolsonaro vem aprofundando em relação aos EUA nós coloca em situação de indigência na diplomacia internacional.

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