Para Trump, o problema dos Estados Unidos é estar sendo passado para trás pela China e outros países que, na sua peculiar maneira de ver o mundo, estão “roubando” os Estados Unidos. O placar indicativo desse problema é, para ele, o tamanho do déficit comercial que os Estados Unidos têm com cada um de seus parceiros comerciais. A principal causa disso, na sua opinião, seriam as tarifas de importação que os parceiros comerciais cobram dos produtos norte-americanos, muito superiores às que os Estados Unidos cobram das importações vindas desses mesmos parceiros. Para eliminar a causa do problema, a solução seria aplicar as “tarifas recíprocas”, anunciadas no dia 02 de abril.
De acordo com esse raciocínio, as tarifas obrigarão os parceiros comerciais dos EUA a abrirem seus mercados se quiserem entrar com suas próprias mercadorias no mercado americano. Ao mesmo tempo, as tarifas irão forçar as empresas estrangeiras e até mesmo as norte-americanas que transferiram suas operações industriais para outros países a voltarem a produzir nos Estado Unidos se quiserem ter acesso ao seu enorme mercado sem ter que pagar as elevadas tarifas de importação, trazendo de volta aos Estados Unidos os empregos que lhes foram “roubados”.
Não se trata de uma ideia exatamente original, pois já foi utilizada fartamente pelos países em desenvolvimento para se industrializarem ao longo da segunda metade do século 20. Mesmo os Estados Unidos desde o início de seu processo de industrialização ainda no final do século 19 até as vésperas da Segunda Guerra Mundial foram useiros e vezeiros desse tipo de política para proteger sua indústria, assim como outros países antes e depois deles, como a França, a Alemanha, a Suíça, o Japão e a Coreia do Sul que se industrializaram tardiamente e até a própria Inglaterra, berço da Revolução Industrial. O próprio GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) prevê, no artigo 18, essa possibilidade, embora restrita aos países em desenvolvimento[1]. O que surpreende é os Estados Unidos, estando no topo das principais cadeias globais de produção, recorrerem a tais medidas que até os países em desenvolvimento já abandonaram no século 21.
Mesmo considerando que talvez não seja a forma mais adequada para resolver o problema do déficit comercial americano, cuja causa principal é o descompasso entre a poupança e o investimento nos Estados Unidos devido ao seu elevado nível de investimento e consumo e ao fato de a moeda norte-americana, o dólar, ser a moeda internacional, é preciso reconhecer tratar-se de uma tentativa de enfrentar o problema que tem alguma lógica, dada a leitura que Trump faz de suas causas. O que Trump não está levando em conta, entretanto, é ele não ser o único ator nesse jogo e, por mais poderoso que seja, não pode tudo. Mesmo um país tão poderoso como os Estados Unidos não pode desconsiderar um fato básico da política que é a correlação de forças.
Em primeiro lugar é preciso considerar que diante das ações dos Estados Unidos, outros países vão reagir, como de fato estão reagindo, o que pode não apenas não diminuir, como até agravar o déficit comercial norte-americano seja pela queda das suas exportações por causa das tarifas que os países afetados também estão impondo aos produtos norte-americanos, nomeadamente a China, o Canadá e a União Europeia, seja pelo boicote aos produtos norte-americanos que já está acontecendo em diversos países, como o Canadá e a Dinamarca. O caso mais recente foi o boicote à Coca-Cola e outras marcas norte-americanas na Dinamarca por causa da ameaça de Trump de tomar a Groelândia pela força. A Boeing também anunciou que precisará buscar outros mercados diante da decisão da China de não mais adquirir aviões comerciais da empresa norte-americana.
Para além dos atores governamentais há ainda os atores privados, ou seja, as empresas tanto as norte-americanas quanto as estrangeiras. Quando as grandes multinacionais norte-americanas buscaram outras localizações para produzir não o fizeram por diversão, mas por necessidade. Em um mundo em que a produção está cada vez mais globalizada e a concorrência cada vez mais acirrada, as margens para aumento de preços são cada vez menores e temporárias. A única solução para manter a lucratividade é cortar custos e investir pesadamente em inovação. Para isso deslocaram parte de seus capitais para países em desenvolvimento em busca de mão de obra mais barata e otimização de suas cadeias de suprimento e distribuição. O caso mais notório, mas nem de longe o único, foi a Apple ter escolhido a China para montar seus Iphones que vende nos Estados Unidos e no resto do mundo. Com a imposição de tarifas de 145% sobre os produtos vindos da China, a Apple está transferindo a montagem dos Iphones que exporta para o mercado americano para a Índia e não de volta para os Estados Unidos, onde os custos mais elevados da mão de obra tornariam seus produtos pouco atrativos até mesmo para os consumidores norte-americanos.
Retornar para os Estados Unidos representa, para essas empresas, um aumento de custos e queda na competitividade frente aos seus concorrentes localizados em outros países, tanto no próprio mercado norte-americano, mas principalmente em terceiros mercados para os quais exportam. Tal fato é particularmente relevante se considerarmos que hoje, por causa dos enormes custos para realização de inovações tecnológicas e em marketing, o mercado alvo, sobretudo para essas grandes empresas multinacionais, há muito deixou de ser apenas o mercado nacional, por maior que seja, mas o mercado global. Antigamente uma grande empresa tinha por objetivo dominar uma fatia expressiva de seu respectivo mercado nacional, digamos 5% ou 10%; hoje, sem ocupar a mesma proporção dos mercados globais não há como pagar os enormes gastos em pesquisa, desenvolvimento e inovação necessários para se manter competitiva frente à concorrência internacional.
Como as empresas dos EUA que usam intensivamente mão de obra em determinadas etapas de seu processo de produção poderão disputar nos mercados globais com concorrentes de outros países que já as alcançaram e até mesmo superaram em termos de inovação tecnológica, como é o caso, por exemplo, dos veículos elétricos fabricados na China, mas pagam salários que são apenas uma fração dos salários nos EUA? O salário por hora dos trabalhadores sindicalizados em montadoras de automóveis nos Estados Unidos pode variar, mas em geral, os salários por hora partem de US$ 18 e podem chegar a US$ 32 para os trabalhadores mais experientes. Entre 2005 e 2016, os salários por hora na indústria chinesa triplicaram para US$ 3,60, segundo a Euromonitor. Nesse período, os salários industriais caíram de US$2,90 para US$ 2,70 no Brasil (China Economic Review, 2017)[2].
O fato de os empresários norte-americanos, que em sua grande maioria apoiaram a eleição de Trump, estarem se revoltando contra a política comercial dele é sintomático. De acordo com inúmeros relatos na imprensa, os CEOs de grandes corporações norte-americanas vêm alertando o governo sobre os efeitos nocivos das tarifas sobre o consumo e o faturamento das empresas. Conforme noticiou o jornal Valor Econômico, em 25/04/2025, “As empresas americanas estão contabilizando os custos da guerra comercial de Donald Trump, com seus executivos alertando sobre o aumento das despesas, interrupções nas cadeias de suprimento e impactos na maior economia do mundo”. Ainda segundo a matéria, “O próprio presidente Donald Trump foi alertado sobre os impactos que suas tarifas estavam causando no comércio pelos presidentes do Walmart e da Target em uma reunião na Casa Branca”.
Segundo o Financial Times (Valor Econômico, 24/04/2025), “Empresas dos setores de transporte, energia, telecomunicações e construção civil estiveram entre as que discutiram os impostos com Wall Street. Em seus comentários, os executivos soaram o alarme sobre as consequências das amplas tarifas de Trump, ecoando os alertas de economistas sobre uma possível recessão.”
O termo recessão tornou-se recorrente nas teleconferências das grandes empresas listadas nas bolsas de valores americanas realizadas para seus acionistas com o objetivo de analisar os resultados no primeiro trimestre do ano. Conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo, em 30/04/2025, “A economia dos Estados Unidos recuou 0,3% em termos anuais durante o primeiro trimestre, captando a resposta das empresas americanas à guerra comercial de Donald Trump, segundo dados revelados nesta quarta-feira (30) pelo BEA (sigla em inglês para Escritório de Análise Econômica) do país. A queda contrasta com o crescimento de 2,4% registrada no último trimestre de 2024. Trata-se do maior recuo desde o primeiro trimestre de 2022. A diminuição no PIB foi pior do que algumas previsões. Economistas ouvidos pelo The Wall Street Journal, por exemplo, que esperavam um crescimento de 0,4%.”
Frente ao fraco desempenho da economia, o governo Trump pede paciência à população e culpa Biden pelo recuo do PIB, mas tem reagido mal às críticas. Conforme noticiou o Wall Street Journal (29/4/2025), depois que a imprensa divulgou que a Amazon estava considerando exibir o impacto das tarifas durante seu processo de pagamento online, o presidente Trump ligou para o fundador da empresa Jeff Bezos e a Casa Branca disse que tal medida seria “um ato hostil e político”.
Há, ainda, um terceiro grupo de atores: os consumidores (e eleitores) norte-americanos, que estão sendo prejudicados pelas elevadas tarifas de importação. É inevitável que, pelo menos no curto e médio prazo, as tarifas mais altas sobre as importações se traduzam em preços mais elevados, ou seja, inflação. Conforme noticiou o Wall Street Journal (24/4/2025), “Hoje, cerca de 95% dos carrinhos de bebê importados vêm da China, juntamente com três quartos dos brinquedos e móveis infantis, como berços”. Segundo a matéria, “as marcas de produtos para bebês estão aumentando o preço mínimo que as lojas podem oferecer por seus carrinhos em cerca de 30% nas próximas semanas. Se as tarifas da China permanecerem nos níveis atuais, ele espera que os preços de muitos produtos aumentem pelo menos pela metade em comparação com o período anterior às tarifas.”
A situação tende a piorar nos próximos meses, dado que o impacto das tarifas recíprocas, sobretudo os 145% aplicados sobre a China, ainda não chegaram às prateleiras das lojas e supermercados. A queda expressiva no número de contêineres que estão chegado aos portos dos Estados Unidos vindos da China são um prenúncio da escassez e da elevação de preços de milhares de produtos cuja produção não pode, de uma hora para outra, ser transferida para outros países e muito menos para os Estados Unidos. A decisão do governo Trump de isentar temporariamente importações da China de smartphones e outros produtos eletrônicos das tarifas recíprocas é o reconhecimento tácito de que não há como substituir essas importações no curto prazo.
O que Trump está querendo fazer nos Estados Unidos talvez fosse possível na China, onde a desigualdade de renda é menos acentuada e a população, em geral, sente-se contemplada pelos avanços que o país vem realizando e está imbuída de um espírito coletivo e nacionalista no qual o benefício e o interesse pessoal não se sobrepõem aos interesses coletivos de longo prazo, seja da família, seja da nação.
Mas em uma sociedade como a norte-americana, marcada pelo individualismo, cindida de alto a baixo por um fosso gigantesco entre ricos e pobres, Trump só poderia levar seu projeto adiante se mudasse o próprio sistema político do país, eliminando a oposição e colocando todas as instituições do país completamente alinhadas aos seus objetivos. Talvez seja isso que esteja procurando fazer, mas de uma forma que dificilmente pode dar certo.
Na verdade, Trump deveria fazer exatamente o oposto do que está fazendo. Ou seja, ao invés de aprofundar as divisões na sociedade norte-americana, estimulando políticas de ódio, combatendo políticas de inclusão e diversidade, alienando a intelectualidade, aterrorizando os funcionários públicos, as universidades e os estrangeiros que vivem no país, deveria estar construindo um consenso mínimo em torno dos objetivos maiores a que se propõe de forma a abarcar a maioria da população.
Voltar-se contra a burocracia pública, cujo apoio é essencial para que qualquer projeto de desenvolvimento dê resultado, da forma como o DOGE, capitaneado por Elon Musk, está fazendo, desestruturando programas e departamentos fundamentais para o bom funcionamento do aparelho de Estado, em troca de uma economia irrisória se considerarmos o tamanho do orçamento dos Estados Unidos, certamente não é o melhor caminho para fazer a América grande de novo.
Ao fazer uma caçada implacável aos imigrantes ilegais e a todos os estrangeiros que manifestem qualquer discordância em relação ao seu pensamento, Trump está não apenas afugentando a mão de obra que o país precisa para manter uma parte importante de sua economia funcionando, mas também os talentos que nos últimos dois séculos transformaram os Estados Unidos na potência que é hoje.
Se observarmos cuidadosamente a história da humanidade, podemos observar que tanto a competição entre grandes estados há 2 mil anos, como a competição entre grandes estados no mundo contemporâneo globalizado, envolve a competição por talentos. A história registra, por exemplo, que 70% dos oficiais do Império Omíada, o segundo dos quatro principais califados que se estendeu por Portugal, Espanha, Norte da África, Oriente Médio e a Pérsia, entre os anos 661 e 750, eram estrangeiros[3].
Hoje, em qualquer área de tecnologia de ponta dominada pelos Estados Unidos, da energia nuclear às mais recentes conquistas na biotecnologia, matemática, física, química, tecnologia de informação, microeletrônica, inteligência artificial, entre outras, os grandes avanços sempre contaram com talentos estrangeiros atraídos pelos Estados Unidos.
A questão não é fechar os olhos para a imigração ilegal, que de fato se tornou um problema social importante não apenas nos Estados Unidos, mas também em outros países, que vêm sendo procurados por levas de imigrantes de países pobres assolados por guerras civis, gangs armadas, epidemias, desastres ambientais e estagnação econômica. Em vez de sair à caça dessas pessoas como se fossem animais, os EUA deveriam ajustar suas políticas de migração, combinando um controle mais rigoroso da imigração ilegal com uma política de atração não só de talentos mas também de mão de obra não especializada necessária para que importantes setores da economia norte-americana, sobretudo a agricultura, a construção civil e o setor de serviços, que têm mais dificuldade de recrutar trabalhadores para inúmeras profissões e postos de trabalho em geral rejeitados pelos trabalhadores norte-americanos.
Alienar parte importanteda intelectualidade e as principais universidade norte-americanas, com corte de verbas, sob a desculpa de coibir práticas discriminatórias contra estudantes judeus, é um outra medida que não só aumenta a divisão do país, alimentando ressentimentos, como pode trazer impactos nefastos sobre o sistema nacional de inovação dos Estados Unidos, que depende das universidades e dos diversos laboratórios nacionais para o desenvolvimento de pesquisas que no futuro se transformarão em aplicações práticas que podem garantir a primazia tecnológica dos Estados Unidos no mundo.
Segundo a revista The Economist (10/04/2025), “O plano MAGA de refazer as Ivy Leagues[4] pode ter consequências terríveis para o ensino superior, para a inovação, para o crescimento econômico e até mesmo para o tipo de país que os Estados Unidos são. E isso está apenas começando.” Apesar de os conservadores sempre terem considerado as universidades um território hostil, “eles também respeitavam o pacto básico existente entre as universidades e o governo federal: que os contribuintes financiem a pesquisa científica e forneçam bolsas para estudantes de famílias pobres e, em troca, as universidades realizem pesquisas que transformem o mundo.”
Ainda segundo a revista, “Este acordo tem sido a fonte de poder militar e econômico. Contribuiu para quase todos os avanços tecnológicos que impulsionaram a produção, da internet às vacinas de m RNA e agonistas de GLP-1[5] e à inteligência artificial. Tornou os Estados Unidos um ímã para pessoas talentosas e ambiciosas de todo o mundo. É este acordo — não trazer as fábricas de automóveis de volta ao cinturão da ferrugem — que é a chave para a prosperidade dos Estados Unidos. E agora o governo Trump quer destruí-lo.”
Como afirmou Shadi Hamid em artigo recente no Washington Post, “o que Trump entende – refletindo um tipo sombrio de brilhantismo – é que a aparente humilhação das elites proporciona uma forma poderosa de satisfação psicológica para aqueles que se sentem excluídos das instituições de elite”. Como afirma o referido autor, “ressentimento e vingança podem levar você longe, mas não o suficiente”.
A queda vertiginosa nos índices de aprovação do governo mostra que ou Trump muda radicalmente seu modo de operar, ou terá muita dificuldade de levar seu plano adiante. Trump tem menos de dois anos para apresentar resultados ou será punido severamente nas eleições de meio turmo no final de 2026 podendo perder as estreitas maiorias que possui hoje no Senado e na Câmara dos Representantes, tornando-se como se diz no jargão da política norte-americana um “pato manco”.
De acordo com o Washington Post (24/4/2025), “À medida em que se aproxima do fim de seus primeiros 100 dias no cargo, o presidente Donald Trump está enfrentando crescente oposição à sua agenda ambiciosa e controversa, com seu índice de aprovação em declínio, oposição da maioria às principais iniciativas e percepções de que seu governo está tentando evitar cumprir ordens judiciais federais, de acordo com uma pesquisa do Washington Post-ABC News-Ipsos “.
Segundo a matéria, “O índice geral de aprovação de Trump é menor do que há apenas dois meses. A pesquisa mostra que 39% dos americanos adultos aprovam a forma como Trump está conduzindo seu trabalho, em comparação com 55% que desaprovam, incluindo 44% que desaprovam veementemente. Em fevereiro, esses números eram 45% positivos e 53% negativos”. Ainda segundo a matéria, “Entre os eleitores registrados, a deterioração foi ainda maior. Em fevereiro, 48% dos eleitores registrados deram-lhe notas positivas, em comparação com 51% negativas. Hoje, esses números são 42% positivos e 55% negativos, uma oscilação de um saldo negativo de três pontos percentuais para um saldo negativo de 13 pontos”. O índice de aprovação de Trump é menor do que o de qualquer presidente anterior na marca de 100 dias de seu primeiro ou segundo mandato.
No plano internacional, não há espaço no mundo de hoje para apenas um país se dar bem à custa de todos os demais, como parece ser o objetivo de Trump. O suposto “roubo” a que os Estados Unidos estão submetidos é resultado, sobretudo, do fato de o dólar ser a moeda internacional por excelência. A única forma de manter o dólar circulando como moeda internacional é por meio dos déficits comerciais dos Estados Unidos. Os EUA imprimem moeda a um custo quase zero e compram tudo o que podem nos demais países ávidos por dólares para fazer reservas e pagar suas importações. Desde o Acordo de Bretton Woods, assinado em 1944, quando os Estados Unidos impuseram sua moeda como moeda internacional, as coisas vêm funcionando desse jeito e só vão mudar quando o dólar perder o seu papel de moeda internacional.
Se Trump deseja “reindustrializar” os Estados Unidos, trazendo de volta para o país indústrias intensivas em mão de obra, típicas da Segunda e Terceira Revolução Industrial, ao invés de centrar esforços em indústrias altamente inovadoras da Quarta Revolução Industrial que não têm tanta necessidade de competir em preços, terá necessariamente que aceitar um dólar mais fraco que perca pelo menos em parte seu papel como moeda internacional. Não há como alcançar simultaneamente os dois objetivos: reindustrializar os Estados Unidos com indústrias típicas da Segunda Revolução Industrial e manter o dólar como a principal moeda de referência para as transações internacionais. A China, por exemplo, reluta em tomar medidas que permitiriam a plena internacionalização de sua moeda, exatamente porque precisa usar o controle das taxas de câmbio e dos fluxos de capitais como instrumento importante para seus planos de desenvolvimento. O problema é que para fazer isso Trump terá que se ver com os banqueiros de Wall Street que se apoiam exatamente no papel do dólar como moeda internacional para dominar as finanças internacionais.
[1] As Partes Contratantes reconhecem, além disso, que pode ser necessário para as Partes
Contratantes previstas no parágrafo primeiro, com o objetivo de executar seus programas e suas
políticas de desenvolvimento econômico orientados para a elevação do nível geral de vida de suas
populações, tomar medidas de proteção ou outras medidas que afetem as importações e que tais
medidas são justificadas na medida em que elas facilitem a obtenção dos objetivos deste Acordo.
Elas estimam, em consequência, que estas Partes Contratantes deveriam usufruir facilidades
adicionais que as possibilitem: (a) conservar na estrutura de suas tarifas aduaneiras suficiente
flexibilidade para que elas possam fornecer a proteção tarifária necessária à criação de um ramo
de produção determinado, e (b) instituir restrições quantitativas destinadas a proteger o equilíbrio
de suas balanças de pagamento de uma maneira que leve plenamente em conta o nível elevado e
permanente da procura de importação suscetível de ser criada pela realização de seus programas
de desenvolvimento econômico.
[2] Braga, J. P. e Nogueira, I. Geosul, Florianópolis, v. 35, n. 77, p. 49-72, dez. 2020.http://doi.org/10.5007/2177-5230.2020v35n77p49
[3] Bell, Daniel A. In: Yan Xuetong. Ancient Chinese Thought, Modern Chinese Power. Princeton University Press, 2011, p. 14.
[4] A Ivy League é um grupo de oito universidades americanas de alta prestígio, com foco em excelência acadêmica e pesquisa, que se destacam no cenário educacional. As universidades que a compõem são: Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Pennsylvania, Princeton e Yale
[5] Os agonistas do GLP-1 são uma classe de medicamentos usados principalmente para controlar os níveis de açúcar no sangue em indivíduos com diabetes tipo 2. Eles agem imitando os efeitos do hormônio natural GLP-1, liberado no intestino após as refeições. Os agonistas do GLP-1 aumentam a liberação de insulina pelo pâncreas, reduzem a produção de glicose no fígado e retardam a digestão, contribuindo para o melhor controle do açúcar no sangue e a perda de peso. Alguns agonistas do GLP-1 também são aprovados para o tratamento da obesidade.
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