O Estado e o mercado na era do Coronavírus

    O Exército italiano é a presença do Estado no momento dramático da vida nacional.

    Na Itália devastada pela pandemia do Coronavírus uma instituição manteve-se de pé: o Exército italiano. Recolhe os mortos, providencia os funerais, patrulha cidades desertas e garante a ordem pública. É o Estado italiano zelando pelo bem comum.

    Nos Estados Unidos o governo decidiu aplicar a lei que permite que a administração federal dê ordens ao setor privado na luta contra o Coronavírus. O presidente Donald Trump anunciou uma série de medidas de proteção aos americanos mais pobres e às empresas do país.

    Há uma noção clara nos Estados Unidos de que um império exerce seu poder apoiado no binômio Estado/mercado, ao contrário do Brasil, onde há uma crença fanática nas razões do mercado e a ignorância completa do papel do Estado em suprir as deficiências desse mesmo mercado e corrigir suas deformações.

    O presidente francês Emmanuel Macron, eleito com uma plataforma liberal, declarou que no país nenhuma empresa irá falir, mesmo que precisem ser temporariamente nacionalizadas como proclamou seu ministro da Fazenda Bruno Le Maire.

    O presidente francês Emmanuel Macron assegurou que nenhuma empresa do país irá falir, mesmo que para isso tenham que ser temporariamente nacionalizadas.

    A forte intervenção do Estado chinês – construindo e improvisando hospitais em tempo recorde, operados pelo corpo de saúde do Exército – foi decisiva para debelar a epidemia, reduzir o número de mortos e conter a onda de novos contágios.

    A pandemia encarregou-se de revelar o óbvio, ou seja, só o Estado nacional foi capaz, apesar de suas mazelas e deformidades, de expressar as aspirações nacionais e os interesses coletivos nos momentos dramáticos da vida dos povos.

    Aqui no Brasil o esforço nacional para debelar a ação devastadora do Coronavírus precisa alcançar outro mal, de natureza ideológica, que ameaça a nação: a divisão artificial do País em torno de agendas marginais ou secundárias, entre elas a que ergue uma muralha a separar as funções do Estado e do mercado como antagônicas e excludentes.

    Não é exagero ou retórica repetir que o Brasil precisa de mais Estado e mais mercado onde possam cumprir a missão de criar desenvolvimento econômico, reduzir desigualdades e gerar esperança para os brasileiros.

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    Aldo Rebelo é jornalista, foi presidente da Câmara dos Deputados; ministro da Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência e Tecnologia e Inovação e da Defesa nos governos Lula e Dilma.

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    5 COMENTÁRIOS

    1. Maravilha, Aldo. Providencial. Mais que nunca, o Estado tem que se mostrar e fazer presente neste momento para aniquilar este pensamento ultra-liberal de Estado Zero.

    2. Dileto ALDO, o EXÉRCITO do BRASIL estamos vivenciando nas mídias sociais a maior campanha NACIONAL de todos os tempos para UM COMBATE. O ISOLAMENTO SOCIAL é o GRITO DE GUERRA. As FORÇAS ARMADAS do BRASIL deveriam estar a postos na CONSTRUÇÃO DE NOVOS LEITOS PARA ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. O governo FEDERAL foi inerte e promiscuidade do PRESIDENTE DA REPÚBLICA inaceitável. O EXÉRCITO DO BRASIL
      somos a outra metade que estamos desprovidos de GOVERNO CENTRAL, pois o que está instalado no BRASIL não nos representa. Estamos à deriva, urge o surgimento de UM LÍDER NACIONALISTA. Forte abraço MEU LÍDER.

    3. Aldo, vejo que o positivo comentário do Maule é de que seu texto foi oportuno e certeiro. Logo me veio uma frase no seu texto de que o Brasil, para se desenvolver, precisa de mais Estado e mais mercado. Formidável. Enquanto uns advogam pelo Estado e outros apostam tudo no mercado, sua concepção precisa bem de que o imenso Brasil prescinde de ambos, com muita intensidade. Aliás, o combate ao coronavirus demonstra isso com uma clareza de sol sertanejo.
      Abs

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