O Banco Central dos Estados Unidos aumentou a taxa de juros para o maior nível dos últimos 22 anos com o objetivo de conter uma inflação elevada. Nos últimos 20 meses o FED aumentou a taxa de juros na maior velocidade das últimas quatro décadas para combater uma inflação que chegou ao maior nível dos últimos 40 anos, ao redor de 5%. O mais recente aumento ocorreu em julho quando, a taxa dos FED Funds alcançou um patamar entre 5,25% e 5,5% ao ano.
Embora a inflação tenha apresentado sinais consistentes de queda, as medidas adotadas pelo Banco Central não foram acompanhadas pelos efeitos mais comuns que esse tipo de política monetária acarreta, nomeadamente o aumento do desemprego e a queda no consumo. Diante desse cenário de resiliência da economia, o FED encontra-se frente a um dilema. Continuar o aperto monetário para tentar trazer a inflação para a meta de 2% à custa de provocar um pouso forçado da economia ou dar como encerrado o presente ciclo de aumento das taxas de juros e correr o risco de ver a inflação ressurgir.
Segundo matéria publicada pelo jornal Valor Econômico (20/10), “A economia resiliente dos Estados Unidos tem sinalizado que suporta um patamar de juros ainda maior, disse ontem 19/10 o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Embora os juros americanos estejam em um território restritivo, na faixa entre 5,25% e 5,5%, “não parece que a política monetária está apertada demais”. Durante seu discurso, o banqueiro central reiterou que evidências de força adicional da economia podem colocar o processo de desinflação em risco e que o Fed poderá apertar mais a política. “Os juros serão mantidos em território restritivo até que tenhamos confiança de que a inflação voltará à meta de 2%.”
Mas, segundo o renomado economista Mohamed A. El-Erian em artigo no jornal Valor (06/19), “Um período intenso de alta das taxas de juros, preços elevados do petróleo e valorização do dólar está distanciando o consenso do mercado financeiro sobre o crescimento econômico dos EUA da reconfortante percepção de um pouso suave”. Diante desse dilema shakespeariano, a tendência do FED em sua próxima reunião no início de novembro deve ser de manter a taxa de juros nos níveis atuais, sinalizando que pode vir a retomar a escalada dos juros caso os ganhos recentes contra a inflação se revertam. Não é possível descartar mais aumento de juros porque a inflação ainda está bem longe da meta.