A PNAD 2022 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) fez um interessante retrato da situação educacional da população brasileira. E não é bonito. Nele há dados positivos e negativos, mas, infelizmente, são os negativos que mais chamam a atenção. Uma primeira constatação que deveria ser objeto de análise cuidadosa, pelos graves impactos sociais que acarreta, é que, um em cada cinco jovens no país não estuda nem trabalha. Trata-se de uma verdadeira tragédia nacional, pois estamos criando toda uma geração que será um peso morto para a sociedade por muitas décadas, principalmente frente às rápidas mudanças que estão no mercado de trabalho.
De acordo com a pesquisa, conforme informa matéria do jornal O Estado de S. Paulo (08/6), dos 49 milhões de brasileiros na faixa dos 15 aos 29 anos em todo o País, 20% não estudam, nem trabalham e representam a chamada ‘geração nem-nem’. Ainda nesta faixa etária (15 aos 29 anos), 15,7% dos jovens estavam ocupados e estudando, 25,2% estudavam, mas não trabalhavam e 39,1% estavam ocupados e não estudavam. Ou seja, 59,1% dos jovens nessa faixa de idade não estavam estudando. Segundo o jornal, “Quando questionados sobre o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado a escola, esses jovens apontaram a necessidade de trabalhar como fator prioritário (40,2%), ainda que nem sempre consigam emprego. A gravidez (22,4%) e a necessidade de realizar tarefas domésticas ou cuidar de outras pessoas (10,3%) foram razões que também apareceram com frequência entre as mulheres”.
Um dado positivo diz respeito ao acesso à educação das gerações mais jovens. Segundo a matéria, “No Brasil, em 2022, havia 9,6 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade analfabetas, o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 5,6% – redução de 0,5 ponto porcentual ante 2019, o que corresponde a uma queda de pouco mais de 490 mil analfabetos em 2022. O analfabetismo está diretamente associado à idade no País. Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. Em 2022, eram 5,2 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 16% para esse grupo etário. Ao incluir, gradualmente, os grupos etários mais novos, observa-se queda no analfabetismo: para 9,8% entre as pessoas com 40 anos ou mais, 6,8% entre aquelas com 25 anos ou mais e 5,6% entre a população de 15 anos ou mais.” Ainda segundo a matéria, “Pela primeira vez, mais da metade da população de 25 anos ou mais (53,2%) tem ensino médio completo. O levantamento destaca também o aumento da taxa de quem tem o ensino superior completo, que foi de 17,5% em 2019 para 19,2% em 2022”.
Outro dado negativo diz respeito ao número de anos de estudo da população adulta, fator fundamental para o cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no País. Segundo a matéria, “a média de anos de estudo no País é de 9,9 anos, ainda abaixo de 12 anos (nove anos de ensino fundamental e três de médio) (…) Ou seja, temos avanço importante no ensino básico, mas ainda parcela importante da população que não conseguiu terminar o básico.” A pesquisa mostra ainda que “a taxa de escolarização de pessoas de 6 a 14 anos em 2022 alcançou 99,4% – o equivalente a 26,2 milhões de estudantes – patamar elevado que vem se mantendo alto desde 2016, muito próximo da meta de universalização do ensino do Programa Nacional de Educação. A taxa de escolarização entre os jovens de 14 a 17 anos aumentou 2,2 pontos porcentuais de 2019 a 2022, alcançando 92,2%”.