No final do último mês de julho, o Brasil e o mundo foram impactados pela notícia de mais uma tragédia alcançando as populações indígenas brasileiras: garimpeiros teriam invadido a Terra Indígena Wajãpi, no estado do Amapá, e entre outras violências cometidas, assassinado o líder Emyra Waiãpi.
O episódio desencadeou uma torrente de denúncias e proclamações de políticos, ONGs, celebridades e organismos internacionais. Um senador do Amapá apelou para a OEA e a ONU, os artistas Caetano Veloso e Milton Nascimento ocuparam as redes sociais, repercutindo o crime e manifestando solidariedade aos atingidos.
A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, condenou o assassinato do cacique e aproveitou para vaticinar contra a mineração em terra indígena, que poderia levar, segundo ela, a “incidentes de violência, intimidação e assassinato”.
O problema é que as investigações preliminares da Polícia Federal e do Ministério Público não encontraram indícios nem do assassinato do líder indígena e nem da invasão dos garimpeiros. Emyra Waiãpi teria morrido afogado em um acidente ainda não totalmente esclarecido, e a terra indígena não apontava sinais de invasão, pelo menos recente.
Mas o estrago já estava feito. A mídia e as redes sociais mundiais já haviam acrescentado mais um capítulo de sangue aos “crimes” atribuídos ao Brasil contra os índios e as florestas.
O fato põe em evidência o encontro de três personagens que se atraem e se repelem no drama amazônico. O Brasil, uma nação indefesa e acuada por acusadores internos e externos, e vítima da desorientação de governantes incapazes de unir o país em torno de seus objetivos nacionais permanentes. As populações indígenas, duplamente vítimas: do abandono do Estado e da sociedade nacional, e vítima da chantagem de organizações internacionais, interessadas em fragilizar os vínculos dos índios com a comunidade nacional brasileira.
E os garimpeiros? Estes mestiços nordestinos convertidos em párias pelo Estado e pela sociedade nacional, são uma espécie de refugiados indesejáveis dentro de sua própria pátria. Não há por eles uma palavra, um gesto ou um pensamento humanitário. Contra eles ergue-se uma campanha sórdida da qual tratarei em artigo próximo.
bem colocado nos aspectos da quase ausente ação de assistencia aos povos indigenas e o que é raro, marcar posição sobre a condição humana dos garinpeiros na amazonia.
Sempre lúcido ,escorreito e perspicaz. Mais que tudo isso: sempre um nacionalista propondo o caminho da conciliação .
Ótimo este texto, maravilhoso para refletirmos,estas questões importantes,e ficar sempre bem informado das questões que abrangem as tribos indígenas.