Artigo assinado pelo jornalista Alex Lo, no South China Morning Post, de Hong Kong, faz interessante balanço da colaboração da China com países em desenvolvimento na área de ciência e tecnologia. Segundo o autor, “Na Europa Ocidental e na América do Norte, à medida em que os institutos de pesquisa, quer voluntariamente ou sob pressão dos seus governos, diminuem ou mesmo interrompem a colaboração com os seus homólogos chineses, a China tem redesenhado a ciência global através da construção de uma “Nova Rota da Seda” para a ciência e a tecnologia com países de renda média e baixa”.
Ainda segundo o artigo, “Embora as colaborações com o Ocidente, agora em declínio, envolvam frequentemente ciência de ponta, as colaborações com o Sul Global envolvem geralmente tecnologias mais práticas ou que salvam vidas, como a extração de água limpa a partir de águas poluídas e o aumento do rendimento das colheitas. Estas podem não envolver avanços, mas ajudam a lançar as bases para o desenvolvimento econômico para escapar da pobreza”.
Como exemplos dessas colaborações, a matéria cita o anúncio da criação, pela China, de 100 laboratórios em países participantes da Iniciativa Cinturão e Rota nos próximos cinco anos; o anúncio, pelo Paquistão e Azerbaijão, de que suas agências espaciais vão se juntar ao projeto da estação de pesquisa espacial da China, cujo objetivo é construir uma base permanente na lua no próxima década; o projeto conjunto da Academia Chinesa de Ciências (CAS), os Museus Nacionais do Quénia e o Centro Conjunto de Investigação Sino-África, perto de Nairobi, para publicar um estudo projetado de 31 volumes, “Flora do Quénia”, que visa catalogar cerca de 7.000 espécies de plantas no País africano. Menciona também que, com sede na CAS, a Aliança de Organizações Científicas Internacionais conta com 67 instituições de pesquisa de 48 países e também financia bolsas de doutorado para estudantes internacionais na China.
Mais de 1.300 estudantes de pós-graduação de países ligados à Iniciativa Cinturão e Rota estão conduzindo pesquisas em Pequim que visam especificamente resolver problemas em seus países de origem, como a remoção de matéria orgânica das águas servidas, um problema grave no Bangladesh; e usando bactérias para extrair cobre de minério de baixo teor, para prolongar a vida útil da minas de cobre em Mianmar. No Sri Lanka, foi criado, com financiamento chinês, um centro dedicado a estudar e gerir a água potável.
Menciona também que uma poderosa estação de rádio na Patagônia, Argentina, desempenhou um papel fundamental no pouso da espaçonave Chang’e 4 no lado escuro da lua em 2019 e em outras operações com o atual programa espacial chinês, o que levou os Estados Unidos a, sem provas, afirmar que a China poderia estar realizando trabalho militar e de vigilância no hemisfério ocidental. Tanto o Chile como a Argentina acolheram pesquisadores chineses em centros e observatórios astronômicos dos dois países. No Brasil, o Laboratório Conjunto China-Brasil de Clima Espacial de São José dos Campos vem desenvolvendo modelos de previsão.