Marcio Dolzan / Agência
A seleção brasileira feminina da treinadora Pia Soundhage deverá unir a mentalidade e a atitude das norte-americanas, a organização tática das suecas e a técnica característica do futebol brasileiro. Ao menos é isso que deseja a comandante, que foi apresentada oficialmente na tarde desta terça-feira, na sede da CBF.
A bicampeã olímpica chegou ao Brasil na segunda-feira, mas um dia depois já parecia estar bem à vontade na entidade. Sob os olhares do técnico da seleção principal, Tite, do presidente da CBF, Rogério Caboclo, e até mesmo do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a sueca comentou sobre os seus planos para o futebol feminino brasileiro. E pregou cautela.
“Temos de dar o primeiro passo. É nisso que podemos nos concentrar. Temos de fazer o dever de casa”, comentou. “A seleção precisa mudar, mas não acho que tem de ser uma mudança muito radical. O Brasil jogou bem a Copa do Mundo. Mas, ao mesmo tempo, não pode haver uma mudança muito pequena.”
O discurso misto tem a ver com os desafios da treinadora, que precisará no curto prazo preparar a seleção para os Jogos Olímpicos de Tóquio, no próximo ano, e no longo deixar a equipe pronta para a Copa do Mundo de 2023.
Sobre a Olimpíada, ela foi evasiva sobre as possibilidades de pódio. “Preciso conhecer as jogadoras ainda. Já estudei bastante a seleção, mas preciso conhecê-las. Não posso mexer nos alicerces da equipe”, considerou Pia. Ao mesmo tempo, porém, ela deu a entender que a manutenção da seleção permanente, prática usada pelo ex-técnico Vadão, não será mantida.
“A Cristiane, por exemplo, pode estar com vontade de vencer hoje, pode estar com vontade de vencer amanhã, mas tem de estar com vontade de vencer também na Olimpíada”, completou a técnica, dando a entender que fará convocações com o que tiver de melhor no momento, e não apenas pelo histórico na seleção.
RENOVAÇÃO – Pia assinou com a CBF um contrato de dois anos, prorrogáveis por mais dois. Considerada uma das melhores treinadoras do mundo, ela tem tudo para permanecer na seleção pelo prazo máximo – a menos, claro, que algo muito errado aconteça pelo caminho.
É justamente por olhar lá na frente que a sueca já sabe que terá muito trabalho não apenas treinando a seleção principal, mas também olhando o que é feito antes disso. Pia preferiu não revelar se terá como função coordenar as equipes de base do futebol feminino, mas deixou escapar que essa será, sim, uma de suas funções.
“Meu primeiro passo é entender como as coisas funcionam”, disse. “Mas, se você quer que a seleção jogue um futebol excelente não só ano que vem, mas também no longo prazo, você precisa ter um time sub-16 e sub-17 muito bom também”, pontuou. O presidente Rogério Caboclo afirmou que “tudo o que for preciso” estará à disposição da treinadora. “A Pia irá conjugar a qualidade e excelência técnica com a qualidade das jogadoras que temos”, exaltou o cartola. “Ela vai exercer um trabalho de revolução do futebol feminino no Brasil.”