A petroleira boliviana YPFB quer disputar a fatia da Petrobrás no gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). A estatal brasileira vai vender a participação de 51% do gasoduto que interliga os dois países.
Se ao menos parte dessa parcela ficar com a YPFB, ela passará a ter o controle da rede de transporte, o que enxerga como oportunidade para fortalecer sua presença no mercado brasileiro, sem intermediários.
“A possibilidade de ter mais presença no mercado brasileiro permitirá à YPFB encarar negociações para comercializar gás natural diretamente com distribuidoras e indústrias privadas, no Sudeste, evitando a intermediação de terceiros”, afirmou Luis Alberto Poma Calle, gerente de Regulação da Gas Transboliviano (GTB), subsidiária da YPFB. A declaração foi divulgada pelo Ministério de Minas e Energia da Bolívia. “Para a YPFB, a oportunidade permitirá o fortalecimento do plano de expansão e internacionalização pelo continente”, disse.
A venda de participação no Gasbol faz parte do acordo firmado entre a Petrobrás e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para abrir o setor de gás natural à concorrência. A estatal brasileira também vai vender fatias na NTS e na TAG, outras transportadoras das quais participa. Deve ainda sair do negócio de distribuição de gás natural em 20 Estados.
A YPFB tem 12% da TBG, empresa que cuida do Gasbol entre a fronteira e o Estado de São Paulo. Atualmente, os dois países negociam a revisão do contrato de venda de gás. Portanto, é possível que, nos próximos anos, além de mudanças no controle da transportadora, volumes e preços de venda do gás boliviano sejam revistos.
No comunicado, a YPFB informou que a venda do ativo pela Petrobrás não significa que a petroleira vá reduzir o volume de gás contratado da Bolívia. Ou seja, ainda que se desfaça dos ativos, a Petrobrás deve continuar usando o gasoduto e passará a pagar pelo transporte como cliente da YPFB e não mais como sócia. Essa foi a postura adotada pela estatal brasileira após ter vendido o controle da TAG.
O Gasbol possui 3,15 mil km de extensão, dos quais 82% estão no território brasileiro. Foi instalado no governo Fernando Henrique Cardoso, para promover o mercado de gás. Tende a perder relevância no mercado interno, à medida que avança a produção no pré-sal.
Fernanda Nunes, O Estado de S.Paulo