O gringo do escrete

Camisa coral do Flamengo

Primeiro Campeonato Sul-Americano de Futebol, Buenos Aires, 1916. O inglês Sidnei Pullen entra em campo para apitar o jogo Argentina e Chile, vencido pelos donos da casa por 6 a 1. Troca de roupa e volta ao gramado, desta vez para jogar, como centro médio da Seleção Brasileira. Os registros nem sempre exatos do futebol atestam que Sidnei foi o único estrangeiro a vestir a camisa canarinho.

Vindo com a família para o Brasil, aos 17 anos, Pullen começou a jogar no Paissandu do Rio e mais tarde ingressou no Flamengo, que fora criado em 17 de novembro de 1895, com o nome de Grupo de Regatas em rejeição ao inglesismo clube. Por sinal, os remadores do Flamengo só batizavam seus barcos com nomes indígenas, como Aimoré, Iaci, Irerê. Quando surgiu o departamento de futebol, os remadores não gostaram. Achavam que não era jogo pra homem, com tanta ginga e rebolado atrás de um pedaço de couro, e não permitiram o uso do seu uniforme. No primeiro jogo do Campeonato Carioca, em 3 de maio de 1912, contra o extinto Mangueira, o time teve de usar uma camisa diferente, a Papagaio de Vintém (quatro grandes quadrados vermelhos e pretos).

Mais tarde, Sidnei Pullen introduziu uma camisa de listrinhas vermelhas, negras e brancas, que ficou conhecida como cobra-coral ou coralzinho. Veio a I Guerra Mundial e houve quem repudiasse o uniforme por lembrar as cores da Alemanha. A coralzinho foi aposentada em 1915, enquanto Sydney ia à Europa lutar como soldado da Inglaterra contra os alemães, mas regressaria para jogar no Flamengo até 1925.

Transcrito da Revista Bonifácio nº 2, janeiro-fevereiro-março de 2004

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