Sandra Manfrini / Agência Estado
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu as estimativas para o
crescimento da economia e da indústria brasileiras em 2019. Para a
entidade, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá neste ano 0,9% ante a
previsão anterior, de abril, de uma expansão de 2%. Já o PIB industrial
terá uma alta de apenas 0,4%, segundo as novas estimativas, abaixo do
1,1% previsto no primeiro trimestre. “É um resultado decepcionante. A
economia mantém-se muito próxima da estagnação desde o fim da crise”,
diz o Informe Conjuntural do segundo trimestre, divulgado nesta
quinta-feira pela CNI.
De acordo com documento, uma série de fatores vem impedindo a
recuperação mais rápida da indústria. Entre eles, a baixa demanda
doméstica e até mesmo externa. Essa falta de demanda vem gerando acúmulo
de estoques, destaca a CNI.
O Informe traz uma redução na previsão de crescimento do consumo das
famílias para este ano, de 2,2% para 1,5%. A estimativa para o aumento
do investimento caiu de 4,9% em abril para 2,1% agora. A entidade prevê
ainda que a taxa de desemprego continuará alta e atingirá 12,1% da força
de trabalho. “O consumo não reage, o investimento continua travado e as
exportações apresentam dificuldades. Portanto, as fontes privadas de
demanda seguem sem capacidade de promover a necessária reativação da
economia”, afirma o Informe Conjuntural.
No documento, a CNI destaca que o segundo trimestre do ano trouxe nova
frustração quando ao crescimento da economia. “Os dados disponíveis até o
momento sugerem estabilidade ou, na melhor das hipóteses, um
crescimento de 0,2% frente ao primeiro trimestre. Os dados preliminares
de junho, em especial, consolidam a redução das expectativas para o
trimestre e contaminam as expectativas para o trimestre seguinte”, diz o
Informe.
Para a entidade, a liberação de parte dos recursos das contas do FGTS
pode impulsionar o consumo, mas não é uma solução única. “Não é uma
solução única para reativar o consumo, mas irá contribuir no curto prazo
enquanto as medidas mais estruturais se materializam”, afirma o
economista da CNI Marcelo Azevedo.
A indústria sugere ainda que o governo adote outras medidas para
estimular a demanda no curto prazo, como a redução de juros e o estímulo
ao crédito. “A queda dos juros é mais importante no curto prazo, pois
seus efeitos já se farão sentir na cadeia de financiamento. Não faz
sentido manter a taxa de juros se a economia se encontra estagnada e não
há pressões de inflação”, completa Azevedo em nota divulgada pela CNI.
A CNI destaca ainda a necessidade dessas medidas de curto prazo serem
complementadas com ações estruturais para a economia retomar o
crescimento sustentado. Essa agenda inclui, segundo a entidade, a
conclusão da aprovação da reforma da Previdência, a reforma tributária,
os avanços nas privatizações e o aperfeiçoamento dos marcos
regulatórios.
Previsões
O Informe Conjuntural traz ainda previsão para os juros básicos da
economia ao final de 2019. A taxa de juros, atualmente em 6,5% ao ano,
deve ser reduzida já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom) do BC, marcada para os dias 30 e 31 de julho, na avaliação da
CNI. A entidade prevê que a taxa de juros feche 2019 em 5,25% ao ano. “A
inflação baixa, o fraco desempenho da economia, a valorização do real
frente ao dólar e o movimento global de redução dos juros permitirão um
novo ciclo de cortes na taxa Selic”, destaca a CNI.
A entidade também prevê que a dívida bruta do setor público atingirá
79,2% do PIB. Para o dólar, as projeções da CNI apontam para uma taxa de
câmbio de R$ 3,75 em dezembro. “A aprovação da reforma da Previdência
em primeiro turno reduziu as incertezas e ajudou a estabilizar o
câmbio”, afirma.
A expectativa para o saldo da balança comercial neste ano é de um
superávit de US$ 48 bilhões, ante uma projeção de US$ 45 bilhões de
abril.