Alerta Científico e Ambiental – nº 28 – 22 de julho de 2021
Ao que parece, o papel que a usina hidrelétrica de Belo Monte exerceu durante anos, como cavalo de batalha do aparato ambientalista-indigenista no Brasil, é agora da Ferrogrão, o projeto ferroviário que pretende escoar a produção de soja de Mato Grosso ao porto paraense de Miritituba, no rio Tapajós.
Em agosto, como parte da campanha contra o projeto, deverá desembarcar no País uma delegação da Internacional Progressista (IP), entidade de ativistas de esquerda, incluindo parlamentares da Alemanha e Espanha, lideranças indígenas dos EUA, ativistas ambientais, sindicalistas e representantes de países latino-americanos.
Na agenda, organizada com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o PSOL, estão previstas reuniões com lideranças indígenas e ambientais, representantes de partidos de esquerda, do Judiciário e do Ministério Público, em Brasília, Belém e Santarém.
“Vamos com uma ambição clara: queremos derrotar esse projeto. Se houver atenção e escrutínio internacionais, podemos enterrar a Ferrogrão”, dispara, com a veemência típica dos que se creem iluminados para uma missão divina, o economista estadunidense David Adler, coordenador-geral da IP (Folhapress, 19/07/2021).
Uma nota da entidade, com o sugestivo título “Nós estamos nos mobilizando para combater o assalto de Jair Bolsonaro contra a Amazônia” (19/07/2021), trombeteia os objetivos da visita e da campanha:
1. Reforçar laços de solidariedade: A nossa delegação visa a construir a confiança e o consenso estratégico sobre como combater a Ferrogrão em todo o mundo: de assembleias legislativas às ruas; das florestas e campos às lojas. Nós nos reuniremos e conversaremos com líderes políticos, autoridades tribais, movimentos sociais, camponeses, partidos, ambientalistas, especialistas e outros, sempre buscando desenvolver a luta comum, não só em palavras, mas em fatos.
2. Colocar em primeiro plano a linha de frente: Durante séculos, líderes indígenas e quilombolas têm lutado contra as mesmas forças de império, extração e exploração. Essas comunidades são a vanguarda de uma luta global contra a destruição ambiental. Em vez de focar exclusivamente nas batalhas em parlamentos e deliberações multilaterais da [conferência climática] COP-26, a delegação visa a chamar a atenção do mundo para os campos de batalha da justiça climática – e ouvir atentamente aquelas comunidades sobre como as forças progressistas em toda parte podem ajudá-las.
3. Internacionalizar a resistência: Da Linha 3 [oleoduto Canadá-EUA] à mina de Charmichael [exploração de carvão na Austrália] e ao Oleoduto de Acesso de Dakota [oleoduto subterrâneo entre Dakota do Norte e Illinois], uma nova onda de movimentos de resistência está crescendo, para combater projetos de infraestrutura que ameaçam as vidas e meios de vida nas comunidades da linha de frente [no jargão da militância, as primeiras que experimentam os alegados efeitos das mudanças climáticas]. A delegação luta para unir essas lutas locais em uma nova frente internacional, forjando laços para uma defesa comum do nosso futuro coletivo [as observações entre colchetes são da editoria].
Por trás da linguagem pomposa e bombástica, os “progressistas” da IP demonstram que, pelo menos na área ambiental, compartilham a mesma pauta do aparato ambientalista-indigenista articulado e financiado pela oligarquia “globalista”. Aliás, seria interessante conhecer as fontes de receita da IP, que alega depender exclusivamente das contribuições dos seus membros, não aceitando doações de governos, lobistas e executivos de empresas multinacionais. Afinal, campanhas internacionais com tais pretensões custam caro e não consta que seus fundadores e principais membros sejam milionários filantropos.
A entidade foi criada em 2020 pelo senador estadunidense Bernie Sanders e o ex-ministro da Fazenda grego Yanis Varoufakis, com o objetivo de “reunir ativistas, pensadores e praticantes, para desenvolver os princípios e políticas de uma ordem internacional progressista”, como explica o seu sítio na Internet.
Entre os seus integrantes, há vários brasileiros, inclusive os ex-ministros Celso Amorim e Fernando Haddad. Aqui, temos mais um curioso caso de brasileiros unindo-se a uma campanha internacional contra o País, uma constante entre o aparato ambientalista-indigenista, mas que sempre causa espécie quando se tratam de ex-integrantes de governos, que deveriam conhecer melhor as necessidades brasileiras de infraestrutura moderna.
Em paralelo com a IP, outra iniciativa contra a Ferrogrão foi uma carta enviada a instituições financeiras – Banco Mundial, Banco Central, BNDES, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander – por um grupo de ONGs brasileiras, pedindo que não sejam concedidos créditos para o projeto. Coordenado pelo GT Infraestrutura, o documento é assinado, entre outros, pelo Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS), Observatório do Clima, Movimento Tapajós Vivo e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) (O Globo, 13/07/2021).
Em uma conferência online promovida pelo jornal Valor Econômico, em 20 de julho, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, fez uma veemente defesa do projeto, acusando seus opositores de desconhecimento e más intenções: “A gente tem que separar o que é ideologia, interesse comercial e o que é, de fato, visão de proteção ao meio ambiente. Tenho certeza absoluta de que nenhum desses ativistas percorreu a [rodovia] BR-163 e conhece com profundidade o projeto (Valor Econômico, 20/07/2021).”
A menção à BR-163 se deve ao fato de o traçado da Ferrogrão acompanhar em boa medida o da rodovia e, também, à acirrada campanha de mais de duas décadas movida pelo aparato ambientalista-indigenista contra a conclusão da sua pavimentação, ocorrida em fevereiro último, sem qualquer consideração com as aspirações das populações dos territórios atravessados por ela.
“Discutir se é possível fazer uma ferrovia de forma sustentável na Amazônia é uma grande bobagem. É claro que é” – disse o ministro.
Prosseguindo, afirmou: “Como um empreendimento ferroviário que é multimodal, que integra ferrovia e hidrovia, funciona como barreira verde e contém a expansão da pressão fundiária, que tira um milhão de toneladas de CO2 [dióxido de carbono] da atmosfera, que promove plantio compensatório, que vai nascer com selo verde, que vai se submeter ao processo de licenciamento ambiental, que vai ter limitação de transporte por combustível fóssil, que diminui quantidade de acidentes, não vai ser sustentável? Quem fala que vai devastar floresta e acabar com o meio ambiente está mentindo. (…) Tenho certeza de que esses ativistas nunca botaram os pés lá.”
O traçado previsto para a ferrovia, com 933 quilômetros de extensão, entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), liga a região produtora de grãos do Centro-Oeste ao porto de Miritituba. Como o traçado atravessa uma área do Parque Nacional do Jamanxim, no município paraense de Itaituba, a Lei 13.452/2017 excluiu 862 hectares da unidade de conservação, cuja área total é de quase 860 mil hectares (equivalente a quase um terço do território de Alagoas). A pretexto dessa exclusão de uma área pouco superior a 0,1% do parque, o PSOL ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de suspensão da lei, que foi prontamente atendido pelo ministro Alexandre de Moraes. O governo federal trabalha, agora, para levar o julgamento ao plenário do STF, para o que Tarcísio Gomes de Freitas tem feito um intenso trabalho de esclarecimento junto aos demais ministros da casa.
Há um debate a ser feito sobre os morcegos do CENTRÃO que ocuparam cadeiras importantes nos governos de “esquerda” e no governo de ultra direita, transformando esses governos em laranjas de seus interesses.
As ferrovias no Brasil têm fator importantes e foram esquecidas, temos aí no Nordeste inteiro estoque de malha ferroviária a ser reativada principalmente nos polos turísticos e nas cidades que sofrem agonia em ralação a mobilidade urbana.
A amazonia é a nossa riqueza que necessita de olhar dos brasileiros pois os interesses muitas não convergem entre o que dito e qye se propoe.
O Nordeste espera vivo e resistente para que suas ferrovias sejam reacreditadas como elo do campo com as cidades.
Esse PSOL só atrapalha o crescimento do País. Um bando de carniça que não produz nada só vive de infernizar quem trabalha. Fora PSOL e ativistas estrangeiros
A grande dificuldade ao enfrentar esse combinado de fanáticos e hipócritas é a “quinta coluna”. Cada vez que se fala do Supremo dá calafrios.
As ferrovias são fundamentais para o desenvolvimento do país. Só descordo desse apelido de FERROGRÃO, dando a entender que ela transportará ferro e grãos, prudutos primarios e de baiximo valor agregado. O que se exige é alterar esse modelo, com a industrialização da produção (dos grãos, carne, minerios, etc) e sua exportação com alto valor agregado, grrando mais riqueza e renda para as populações locais.
Ferro de ferrovia…
Chama de Ferrorama então.