Trump não perde tempo para reacender a guerra comercial

    (Foto: Poder 360)

    Nem mesmo tomou posse, Donald Trump já anunciou que os Estados Unidos vão se tornar mais protecionistas em seu segundo governo. Também deixou claro que qualquer país, mesmo os aliados mais próximos dos Estados Unidos, podem ser vítimas de sua guerra comercial. Segundo o jornal japonês Nikkei Asia (26/11), “O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na segunda-feira que em seu primeiro dia no cargo imporia uma tarifa de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá e uma tarifa adicional de 10% sobre produtos da China, citando preocupações com a imigração ilegal e o comércio de drogas ilícitas.”

    Trump já havia prometido acabar com o status comercial de nação mais favorecida da China e impor tarifas sobre as importações chinesas em mais de 60% – muito mais altas do que as impostas durante seu primeiro mandato. Com relação ao Canadá e México, afirmou:   “Em 20 de janeiro, como uma das minhas muitas primeiras ordens executivas, assinarei todos os documentos necessários para cobrar do México e do Canadá uma tarifa de 25% sobre TODOS os produtos que entram nos Estados Unidos e suas ridículas fronteiras abertas”. Disse, ainda, que as tarifas permanecerão em vigor até que os dois países reprimam as drogas, particularmente o fentanil, e os migrantes que cruzam a fronteira ilegalmente. Sobre a China, o presidente eleito acusou Pequim de não tomar medidas fortes o suficiente para impedir o fluxo de drogas ilícitas que cruzam a fronteira do México para os EUA. “Até que eles parem, cobraremos da China uma tarifa adicional de 10%, acima de quaisquer tarifas adicionais, sobre todos os seus muitos produtos que entram nos Estados Unidos da América”.

    Sua metralhadora tarifária atira para todos os lados. Segundo o UOL (30/11), “Trump ameaça impor tarifas de 100% ao Brics caso o bloco apoie moeda para substituir o dólar”. De acordo com o site, “O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, exigiu neste sábado [30/11/2024] que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar outra divisa que substitua o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%. “Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump em sua plataforma de mídia social, Truth Social.”

    Segundo o Wall Street Journal (27/11), “As empresas dependentes de importações – especialmente as fabricantes de automóveis – podem enfrentar custos significativamente mais altos que repassariam aos consumidores. Agricultores e outros exportadores podem enfrentar tarifas retaliatórias. A promessa de Trump de impor tarifas de 25% ao Canadá e ao México e um adicional de 10% às importações chinesas no primeiro dia de sua presidência pode levar a preços mais altos, assim como o país parece estar virando a página da inflação. Muitos americanos disseram que votaram em Trump precisamente por causa dos aumentos brutais de preços que atribuíram ao governo Biden. A ameaça tarifária derruba as previsões de muitos economistas que têm assumido que as tarifas as tarifas a serem impostas por Trump não seriam tão altas quanto as prometidas na campanha. Seja uma tática de negociação ou uma salva de abertura em uma tentativa de retrabalhar o comércio global, a ameaça tarifária de Trump representa um aumento de sua retórica. Na terça-feira, economistas do Laboratório de Orçamento de Yale reformularam suas estimativas de como as tarifas sob Trump podem afetar a economia.” Ainda segundo o jornal, “As empresas dos EUA estão tirando a poeira de um manual que usaram durante o primeiro mandato de Trump: estocar produtos importados antes que as tarifas sejam promulgadas. Eles também estão considerando como lidar com as taxas se e quando promulgadas – se serão capazes de aumentar os preços e se precisarão encontrar alternativas para seus fabricantes chineses.”

    O jornal relata o caso de um empresário americano que às 21h da noite da eleição (05/11), quando ficou claro que Donald Trump estava voltando à Casa Branca, entrou em contato com os fornecedores de sua empresa de cuidados com a pele na China para encomendar um ano de estoque por cerca de US$ 50.000 – o máximo que ele podia comprar e tinha espaço para armazenar. Sua esperança é que as cerca de 30.000 escovas corporais e luvas esfoliantes cheguem às instalações da Bare Botanics em Madison, Wisconsin, antes do dia da posse. Ele acha que Trump está falando sério sobre sua promessa de campanha de impor tarifas de 60% sobre todos os produtos chineses.

    Luís Antonio Paulino
    Luís Antônio Paulino é professor doutor associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da equipe de colaboradores do portal “Bonifácio”.

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