Permissão de uso das armas fornecidas pelo Ocidente para atacar território russo pode levar a guerra na Ucrânia para um novo patamar

    (Foto: Revista CEBRI)

    O presidente da Ucrânia pressiona os EUA e seus aliados a suspenderem a proibição de ataques dentro do território da Rússia com armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente, culpando seus reveses no campo de batalha por sua relutância. Os Estados Unidos e seus aliados europeus até agora vêm resistindo por receio de regionalizar a guerra, tragando os países europeus para dentro do conflito. Mas na medida em que a guerra se prolonga e os ucranianos, mesmo com a ajuda norte-americana, não conseguem avanços significativos, aumenta a tentação para permitir o uso desses armamentos para atacar instalações militares, industriais e infraestrutura dentro do território russo.

    Depois de a imprensa ter noticiado que a Coreia do Norte estaria enviando militares para apoiar os russos, o governo Biden afirmou que se isso se confirmasse iria permitir que as armas por ele fornecidas fossem utilizadas para atacar alvos no interior da Rússia. “A Ucrânia não terá nenhuma nova restrição ao uso de armas dos Estados Unidos em seu conflito contra a Rússia caso tropas da Coreia do Norte realmente se juntem ao Exército russo”, informou o Pentágono.

    Segundo o Wall Street Journal (27/10/2024), “A Coreia do Norte enviou centenas de forças especiais ao leste da Rússia para treinamento nas últimas semanas, de acordo com a principal agência de inteligência da Coreia do Sul, já que Moscou depende de Pyongyang e outros parceiros, incluindo o Irã, para apoiar seu esforço de guerra na Ucrânia. Navios da Marinha russa transportaram cerca de 1.500 soldados das forças especiais norte-coreanas para a Rússia este mês, e Pyongyang tem planos de enviar até 12.000 soldados para ajudar a Rússia, de acordo com o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul. Os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte alertaram que o envio de tropas norte-coreanas para as linhas de frente da Ucrânia seria uma grande escalada no conflito entre Moscou e o Ocidente liderado por Washington.”.

    Segundo o site russo RT News, “O presidente Vladimir Putin expressou esperança de que a OTAN tenha “ouvido” seu aviso sobre as consequências de permitir que a Ucrânia use mísseis de longo alcance fornecidos pelo Ocidente para atacar profundamente a Rússia. Putin disse que Moscou trataria tais ataques como um ataque direto dos países que forneceram as armas. Em meio ao crescente envolvimento ocidental no conflito na Ucrânia, o presidente russo também propôs atualizar a doutrina nuclear nacional. Quando perguntado se os apoiadores de Kiev ouviram seu aviso, Putin disse ao correspondente da Rossiya-1, Pavel Zarubin: “Eles não me disseram nada sobre isso, mas espero que tenham ouvido.”.

    Putin enfatizou que os militares ucranianos não podem usar armas de alta precisão de forma independente. “Somente especialistas dos estados da OTAN podem fazer isso, porque isso requer inteligência espacial, que a Ucrânia naturalmente não possui”, explicou. Putin diz que está cansado da hipocrisia ocidental. De acordo com Putin, “o que está acontecendo agora está sendo feito pelas mãos de oficiais da OTAN”. “Como responder, quando e onde especificamente – é muito cedo para falar sobre isso agora. Mas, obviamente, nosso departamento militar está pensando nisso e oferecerá várias opções”, concluiu Putin.

    Luís Antonio Paulino
    Luís Antônio Paulino é professor doutor associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da equipe de colaboradores do portal “Bonifácio”.

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