China anuncia medidas de apoio à economia

    (Foto: Portal Vermelho)

    A China anunciou, em setembro, uma série de medidas com o objetivo de relançar a economia chinesa que vem patinando nos últimos anos. Fortemente impactada pela pandemia da Covid-19 e pela guerra comercial lançada por Trump e continuada e aprofundada por Biden, a China enfrenta dificuldades para retornar ao padrão de crescimento que permitiu que o seu PIB do ano passado fosse 47 vezes maior do que o de 1978.

    Depois de experimentar várias décadas de crescimento anual na casa nos 10%, o PIB chinês vem crescendo a metade desse valor nos últimos anos. Mesmo considerando que, em termos absolutos, 5% de crescimento em uma economia 47 vezes maior do que em 1978 é muito mais que os 10% dos primeiros 30 anos de reforma e abertura, o fato é que mesmo para atingir a meta de 5% estabelecida pelo governo não tem sido fácil. Contribui para isso desde um menor crescimento da economia mundial, nomeadamente no período pós-Covid, até dificuldades internas, como a crise do setor imobiliário, a dívida crescente dos entes subnacionais (províncias e municipalidades) e o consequente enfraquecimento do consumo.

    Visando contornar essas dificuldades, o Banco Central da China anunciou uma série de medidas voltadas para injetar mais dinheiro na economia e fazer, assim, rodar mais rápido a engrenagem econômica que andava meio emperrada. Conforme noticiou o site UOL (24/9/2024):

    •          Cortes nas taxas de juros: O Banco Popular da China, o banco central do país, reduziu as principais taxas de juros, incluindo as taxas de hipoteca.

    •          Mais liquidez para os bancos: o BC chinês diminuiu a exigência de reservas dos bancos, permitindo que emprestem mais.

    •          Incentivos ao setor imobiliário: Foram implementadas medidas para ajudar governos locais a adquirir imóveis encalhados e reduzir as exigências de entrada para a compra de uma segunda residência.

    •          Estabilização do mercado de ações: O governo chinês, por meio do BC chinês, anunciou o apoio direto aos bancos para sustentar o mercado acionário, com discussões sobre um fundo de estabilização.

    •          Estímulo à compra de bens de consumo: O governo estuda iniciativas para incentivar os consumidores a trocarem eletrodomésticos antigos por novos, além de políticas sociais que favoreçam o gasto.

    De acordo com o jornal chinês Global Times, “As autoridades chinesas lançaram na terça-feira uma série de medidas políticas importantes para apoiar a economia do país, o mercado imobiliário e o mercado de ações, incluindo cortes na taxa básica e na taxa de compulsório (RRR), todas destinadas a criar um ambiente monetário e financeiro favorável para um crescimento econômico estável e desenvolvimento de alta qualidade. Descritas por alguns meios de comunicação estrangeiros como “mais amplas do que o esperado”, as principais medidas de política monetária enviam um forte sinal da determinação dos formuladores chineses de políticas em garantir um crescimento econômico estável, o que aumentará a confiança do mercado no desenvolvimento econômico do país no resto do ano, disseram economistas. Crucialmente, o forte apoio político aumentou ainda mais as expectativas de que a segunda maior economia do mundo será capaz de atingir sua meta de crescimento anual de cerca de 5% em 2024, apesar da pressão descendente e das incertezas externas, de acordo com os economistas.”

    Segundo South China Morning Post (25/9), de Hong Kong, “O pacote de resgate do mercado de ações mais ousado da China desde o colapso de 2015 levou alguns bancos de Wall Street e gestores de dinheiro a acreditar que Pequim está falando sério sobre o combate à queda, acrescentando que as ações do país devem encenar um rali de alívio em antecipação a mais medidas. Um total combinado de 800 bilhões de yuans (US$ 114 bilhões) em facilidade de compra de ações do balanço do banco central, juntamente com cortes nas taxas de juros, reduções da taxa de reserva e outras medidas de apoio são “sem precedentes em seu formato na história recente do mercado de ações da China”, ressaltando a determinação de Pequim em estabilizar o mercado e aumentar a confiança dos investidores, disseram eles.”

    Luís Antonio Paulino
    Luís Antônio Paulino é professor doutor associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da equipe de colaboradores do portal “Bonifácio”.

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